Saiu no site M DE MULHER:
Veja publicação original: Westworld: entenda por que as mulheres são a força que move a série
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Por Raquel Drehmer
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A chave está na natureza “humana” de Dolores e Maeve. ATENÇÃO: este texto pode conter spoilers se você não tiver visto pelo menos metade da 2ª temporada
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A segunda temporada de “Westworld” chegou ao fim na noite deste domingo (24), deixando os fãs de queixo caído e ansiosíssimos pela terceira temporada, já confirmada pelo HBO para 2019. Assim como nos nove episódios anteriores, o season finale mostrou Dolores (Evan Rachel Wood) e Maeve (Thandie Newton) donas da coisa toda, a força que moveu os rumos que a história tomou.
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O segredo deste domínio está na natureza humana dada às anfitriãs. É o que indica o psicólogo e escritor Tiago Cabral: “A série lida com o que há de mais profundo sobre nossa sociedade. Até que ponto nossas ações somos nós mesmos e a partir de onde somos programados para sermos como somos e agirmos como agimos? Todos temos muitas personas dentro de nós”.
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A escolha por duas mulheres para demonstrar isso encontra embasamento teórico na psicanálise, de acordo com o psicólogo. “Há um ponto da psicanálise que afirma que a mulher não existe, ela é construída. Vimos a construção das duas ao longo de todos os episódios”.
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Vamos detalhar um pouco cada uma, então, para entendermos isso melhor.
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Dolores: a mulher dona de sua própria história
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Inicialmente, aprendemos que Dolores foi construída para ser dócil, submissa, perfeita dentro do que se entende socialmente como a perfeição feminina. “Ela se libertou dessa programação para ser a protagonista de sua vida. Dolores é a expressão do feminismo: deixa o script para ser dona de sua própria história”, explica.
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Suas ações e reações, inclusive, desmontam o “bicho papão” que muitos imaginam ser o feminismo. No afeto pelo pai (Louis Herthum) e na emoção que demonstrou com as últimas ações de Teddy (James Mardsen), Dolores deixa claro que é perfeitamente possível ter sentimentos e ser dona de si. Um lado não impede o outro.
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“A emoção faz parte da nossa biologia”, esclarece o psicólogo. “Não manifestar sentimentos uma boa parte do tempo, como Dolores fez nesta temporada, não significa que ela não sinta nada. Não faz diferença em quem a pessoa é. O sentimento está lá dentro o tempo todo e pode ser reprimido para permitir a construção de quem a pessoa quer se tornar.”
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Daí a força de Dolores. Ela representa os milhões de mulheres que lutam para chegar onde querem, que engolem em seco para alcançar seus objetivos. É a mulher que pode parecer dura, mas não perde a ternura nem o foco.
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Maeve: a mulher em construção constante
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Já Maeve, segundo Tiago, é a mulher sendo construída. É o questionamento constante.
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Como no caso dela a programação foi mostrada explicitamente, sempre pairou no ar a dúvida sobre até onde ia seu livre arbítrio. Será que tudo o que ela faz é parte de uma programação super elaborada – tão elaborada que ela mesma não percebe? Pode ser que sim, mas deixemos isso de lado para analisarmos o que foi apresentado nos episódios, ok?