Saiu no site G1
Veja publicação original: Vítima de violência doméstica durante sete anos cria associação para ajudar outras mulheres em MT
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Sandra Raquel é presidente da Associação de Mulheres de Rondonópolis e Região Sul de Mato Grosso (AMRRSMT).
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Por Emerson Sanchez
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Uma vítima de violência doméstica durante sete anos criou uma associação para ajudar outras mulheres que foram agredidas pelo marido. Sandra Raquel é presidente da Associação de Mulheres de Rondonópolis e Região Sul de Mato Grosso (AMRRSMT) em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.
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Sandra contou ao G1 que tinha cerca de 23 anos quando começou a sofrer agressões do marido e que não se recorda da data exata, pois foi uma parte da vida que não merece ser relembrada.
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“Foi um momento de tanta dor que não consigo me recordar, mas consegui vencer. Eu rompi o ciclo e me libertei. Agora ajudo outras mulheres vítimas de violência a conseguirem romper também”, disse.
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Ela disse que acreditava na relação, mas mesmo assim foi agredida pelo marido durante muito tempo. O período das agressões aconteceu antes da criação da Lei Maria da Penha e não tinha suporte para proteção ou amparo.
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“Ele era muito galanteador e conquistador, mas não foi assim que aconteceu. Naquela época não tinha mecanismos de proteção como a lei atual. Foi uma época muito difícil pois não tinha como me proteger e pessoas para me ajudar”, declarou.
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SandraRaquel ajuda outras mulheres, vítimas de agressão. — Foto: Sandra Raquel/Arquivo Pessoa
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A presidente relatou que se mudou para outro estado para conseguir romper o ciclo e a situação de violência. Após ter se recuperado, retornou a Rondonópolis para recomeçar a vida e decidiu ajudar outras mulheres vítimas de agressões.
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Sandra foi presidente do Conselho de Mulheres do município por nove anos antes de sair da instituição e criar a associação para amparar mulheres vítimas de violência doméstica. A AMRRSMT tem parcerias com órgãos públicos e completa seis anos em novembro.
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O objetivo da associação é resgatar os valores capacitando as mulheres para que elas possam ingressar no mercado de trabalho. A entidade oferece cursos, palestras, e acompanhamento psicológico. Visto que devido a violência sofrida as mulheres não conseguem romper o ciclo sofrido e traumático.
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A juíza Maria Mazzarello afirmou que a denúncia é muito importante para que a Justiça possa atuar contra a violência doméstica. Pois sem a vítima denunciar não tem como poder judiciário saber o que está acontecendo no seio familiar e com isso ajudar essas mulheres. E que uma das atuações é a medida protetiva com urgência.
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As medidas são solicitadas na delegacia que, através de um sistema, são repassadas ao Judiciário que concede a autorização. Após a concessão, é retornado à delegacia que imediatamente age para coibir a aproximação do agressor da vítima.
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O crime continua a ser investigado. Assim que o inquérito é concluído pela Polícia Civil, é encaminhado para o Ministério Público que oferece a denúncia e o processo é instaurado. Foram autorizadas pela Justiça, somente neste ano, 405 medidas protetivas à mulheres vítimas de violência doméstica.
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Neste ano, a Lei Maria da Penha completa 13 anos e, em alusão à data, a associação promoveu o “Movimento Feminicídio Emergência Nacional” na quarta-feira (7). O intuito do movimento foi chamar a atenção da sociedade civil e autoridades para a criação de uma casa de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica.
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Segundo Sandra, foi protocolado um ofício no Ministério Público e enviado para a câmara de vereadores e para a prefeitura da cidade.
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Só neste ano, a associação realizou 984 atendimento psicológicos a 41 mulheres vítimas de violência doméstica. Mais de 200 mulheres receberam formação técnica em cursos variados, como designer de bolos, manicure, empreendedorismo, consultoria de carreira, automaquiagem e empoderamento feminino.
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