Saiu no site G1
Veja publicação original: Vítima de ‘estupro virtual’ em MS volta para casa e retoma rotina na escola: ‘Orientação é não tocar no assunto’
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Menina também está passando por atendimento psicológico. Delegado diz que continua fazendo buscas na cidade, já que suspeitos publicaram e divulgaram imagens de vítimas.
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Por Graziela Rezende
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A vítima de estupro virtual, que completou 13 anos no mês anterior, voltou para casa e retomou a rotina de estudos em Bonito, na região sudoeste do estado. Desde que soube que uma imagem dela foi espalhada em vídeos, com conteúdo pornográfico e xingamentos, amenina foi para a casa do pai, em Campo Grande, e lá permaneceu por quase três meses, conforme a mãe, uma cozinheira de 36 anos.
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“Eu consegui trazer ela de volta e as aulas começaram no início desta semana. As colegas que viram ela no vídeo e todos os outros sabiam, antes da chegada dela, que a orientação é não tocar no assunto. Minha filha sempre foi falante e está bem quieta, então estamos acompanhando. Ela também está passando por tratamento com psicólogo e vamos ver como será o decorrer do mês”, afirmou ao G1 a mãe.
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Conforme o delegado Gustavo Henrique Barros, responsável pelas investigações, diligências continuam a ser feitas na cidade. “O inquérito ainda está em aberto e todo mundo que publicou e divulgou incorreu no crime. Nessa caso das meninas, o crime ocorreu em coletivo e uma pessoa foi indiciada por divulgar material pornográfico envolvendo uma criança”, explicou.
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Outros casos
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Além de Bonito, municípios como Sonora, Rio Brilhante e Ribas do Rio Pardo também registraram casos de difamação, envolvendo adolescentes em vídeos semelhantes. Conforme a polícia, a hipótese inicial não é de um grupo organizado, porém de fatos isolados, alguns envolvendo o crime de estupro virtual. Em todos os casos, as vítimas tiveram fotos copiadas das redes sociais em um vídeo, no qual são xingadas e o conteúdo foi espalhado na internet e WhatsApp.
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Em Sonora, a 366 km de Campo Grande, a apuração do ato infracional envolve uma adolescente e o namorado dela, suspeitos de criar um vídeo, em que usam fotos de diversas meninas da cidade e as difamam com músicas e xingamentos. As vítimas vão de 15 a 17 anos e a suspeita teria feito o vídeo por ciúmes, ainda conforme a polícia. Nesta terça-feira (15), o delegado Daniel Luiz da Silva, responsável pela investigação, disse ao G1 que eles ainda não foram encontrados e as buscas continuam.
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Já em Ribas do Rio Pardo, a 84 km da capital sul-mato-grossense, quatro pessoas, entre elas dois adolescentes, de 12 e 17 anos, foram encaminhadas para a delegacia, após difamarem vítimas nas redes sociais e também em grupos de WhatsApp. O indiciamento dos envolvidos ocorreu no último dia 8.
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De acordo com as investigações, uma adolescente teria criado um vídeo, em que denegria várias meninas da cidade. Em seguida, um adolescente teria compartilhado na internet, o que gerou comentários ofensivos de suspeitos de 18 e 21 anos.
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Um deles falou que “todas as meninas do vídeo seriam marmitas e que quem criou o grupo deveria ganhar um prêmio”. Já o outro reforçou o comentário do amigo, falando que as faria de “marmitex”. Revoltadas, as vítimas comentaram que as imagens tiveram grande repercussão na cidade, além de outros municípios, como Campo Grande, Água Clara e Três Lagoas, na região leste do estado.
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Os jovens de 18 e 21 anos permaneceram presos em flagrante. Já os adolescentes respondem ao crime em liberdade, por conta do Estatuto da Criança e o Adolescente (ECA). Ao todo, eles respondem por 11 crimes de difamação, já que, até o momento, foi este o número de vítimas identificadas. A pena para difamação é de detenção, de seis meses a dois anos, além de multa.
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Intimidade exposta
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Conforme o delegado Wellington de Oliveira, assessor de comunicação da Polícia Civil, a primeiro passo é registrar queixa. “Por enquanto, não podemos falar em algo organizado. Nestes casos, não existe só o crime de difamar, caluniar e injuriar. Temos uma criança entre as vítimas, então quando você a chama de puta, por exemplo, está dizendo que ela transa e pratica atos obscenos. É um caso de estupro virtual, que inclusive já causou condenação em outros estados e infringe o ECA”, explicou.
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Nestes casos, é possível que seja feita a quebra de sigilo telefônico e telemático. “Quem propaga estes conteúdos também pratica crime, mesmo que inocentemente. Aquele que diz: vou repassar só para outras pessoas tomarem conhecimento, também está errado. Tivemos as prisões em Ribas do Rio Pardo recentemente, são casos em que extravasa o senso de intimidade e reforço que a recomendação é registrar o boletim de ocorrência”, finalizou.
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