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Quase 1,2 mil casos (1.195) de violência sexual contra crianças e adolescentes foram registrados em Sinop entre janeiro e agosto deste ano, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP). Na comparação com o mesmo período de 2015, quando somaram 829 registros, houve um crescimento de 44,14%. Estupro de vulnerável, estupro tentado e estupro (consolidado) são, nesta ordem, as principais agressões. No Brasil, eles são considerados crimes hediondos.
“Os números chocam e Sinop não merece essa violência. Muitos estão perdendo uma parte importante de suas vidas, que é a infância e a adolescência, ao se tornarem vítimas destas agressões”, afirma Dalton Martini, candidato a prefeito de Sinop e autor do Projeto Menina Flor – que será implantado, caso eleito -, de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes.
Para Dalton, o crescimento expressivo na violência sexual revela duas faces: a primeira diz respeito a um drama social pelo qual muitas famílias estão passando em silêncio e, segunda, a coragem das vítimas em denunciar. “Não dá para aceitar que em oito meses tenhamos mais de 100 crianças estupradas em Sinop. Isto é um absurdo”, repudia Dalton. A fala do progressista é uma referência à alta de 23,8% nos casos de estupro, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Os números mostram um cenário alarmante também para o estupro de vulnerável (conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 14): foram 628 casos neste ano, contra 447 em 2015. A alta entre um ano e outro chegou a 40,4%. Sobre estupro tentado, avançaram de 107 para 167 (+56%).
Joana, que é o nome fictício de uma mãe cuja identidade não será revelada, conhece bem os números que as estatísticas mostram. A filha da dona de casa foi abusada sexualmente dos 05 aos 13 anos pelo próprio pai. A cena do crime foi a própria residência onde a família morava. “Ela [filha] foi contar quando a criança já tinha um ano”, conta Joana.
O “Menina Flor” nascerá com o objetivo de reforçar e capacitar os profissionais da rede pública de saúde, além de criar uma equipe exclusiva multidisciplinar para atuar nestes casos. Hoje, o amparo às vítimas se limita ao atendimento psicológico nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Especialidades. Mas quem vai direto aos Postos de Saúde da Família (PSFs) não encontra servidores preparados para lidar com situações desta natureza.
No único Conselho Tutelar da cidade a falta de estrutura é ainda maior: são apenas cinco conselheiros para atuar em uma cidade com 130 mil habitantes. Ou seja, é um profissional para cada grupo de 26 mil habitantes.
O “Menina Flor” baseia-se no projeto Siminina, desenvolvido em Cuiabá, com meninas de 6 a 14 anos. Criado em 1997 o programa da capital atende hoje mais de mil crianças e adolescentes. Tem como objetivo “fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos vínculos familiares e comunitários contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das crianças, adolescentes e seus familiares”.
Em Sinop, o “Menina Flor” será dirigido pela esposa do candidato a prefeito Dalton Martini (PP), Vênus Mara. “Não foi feito um trabalho para proteger, auxiliar, prestar socorro às vítimas de violência sexual. Temos que enfrentar este problema e resolvê-lo”, considerou.
Dalton e a esposa vão tornar Sinop referência em políticas públicas voltadas às famílias vítimas de violência sexual.
Publicação Original: Violência sexual contra crianças e adolescentes cresce 44% em Sinop