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Violência doméstica: Justiça paulista oferece apoio médico e estético

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“Eu esqueci que podia ser mulher. Esqueci que podia me arrumar. Porque, quando eu contei que fui assediada, me falaram que a culpa era minha.” A frase é de Sabrina*, vítima de violência doméstica, que ficou com sequelas na arcada dentária em razão das agressões. Casos semelhantes ao dela, infelizmente, se repetem com frequência.

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Somente no ano passado, 1,2 milhão de processos de violência doméstica contra mulheres foram registrados no Brasil. O número corresponde a praticamente uma ação a cada 100 brasileiras, de acordo com levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

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Mas a história de Sabrina tem um final feliz. Uma parceria do Tribunal de Justiça de São Paulo com a Secretaria de Estado da Saúde e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Turma do Bem viabiliza reparação estética, ortopédica e odontológica, de graça, para vítimas de violência doméstica e de gênero: é o “Projeto Fênix – Alçando Voo”. Sabrina foi uma das pacientes atendidas pelo programa. Recebeu tratamento integral, recuperou seu sorriso e a autoestima, que estava tão fragilizada.

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“Nos casos de violência de gênero, é extremamente comum o agressor atingir rosto e órgão genital da vítima. Porque a intenção é, justamente, deixar marcas que acabem com a autoestima daquela mulher e impossibilitem que ela retome sua vida”, conta a juíza Teresa Cristina Cabral Santana, integrante da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário (Comesp).

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Desde o lançamento do “Fênix”, em 2016, até fevereiro deste ano, o encaminhamento das pacientes ao programa era feito por juízes, integrantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia, além das delegacias de polícia. Agora, para ampliar o atendimento, as vítimas também podem fazer a solicitação diretamente na Comesp.

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Os tratamentos odontológicos são realizados pela Oscip Turma do Bem, por meio do projeto “Apolônias do Bem” – o trabalho existe desde 2012, antes da parceria com o TJSP. Já os atendimentos médicos são encaminhados pela Comesp para a Secretaria Estadual da Saúde e as cirurgias reparadoras ocorrem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a médica Sylmara Berger Del Zotto, assistente técnica do Gabinete da Secretaria, as vítimas contam com uma rede de atendimento, incluindo acompanhamento psicológico.

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Para a juíza Teresa Cabral essa rede de atendimento é fundamental para oferecer suporte às mulheres, para que se sintam mais fortes e motivadas a continuar com os tratamentos oferecidos. “Quando a mulher está muito frágil, ela precisa de apoio para não desistir no meio do caminho”, explica. Mas, para aquelas que concluem essa caminhada, o resultado é a oportunidade de uma nova vida, sem as marcas do passado: “A violência contra a mulher é cruel; atinge a capacidade de a mulher, sobrevivente, viver de forma saudável e íntegra. O Projeto Fênix propõe devolver as condições de vida digna, retomando a autoestima e a qualidade de vida, perdidas por conta das violências perpetradas”, destaca Teresa Cabral.

 

 

 

 

 

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