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Veja publicação original: Violência doméstica ganha destaque em Bom Sucesso
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Por Ana Paula Marques
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Bom Sucesso está marcando história na dramaturgia da Globo. Com suas tramas variadas, a novela tem exposto situações de violência doméstica e ganhado elogios nas redes sociais.
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Uma das personagens que mostram situações de abuso é Nana (Fabiula Nascimento). Ingênua, a empresária é constantemente manipulada pelo marido, o vilão Diogo, e chegará a ser abusada sexualmente por ele. O abuso psicológico está entre as formas mais subjetivas de violência contra a mulher, e é frequentemente usado pelo vilão contra a filha de Alberto (Antonio Fagundes).
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No capítulo desta quarta-feira (28), Diogo vai se aproveitar da embriaguez da esposa e estuprará Nana, que ficará quase desacordada depois de beber muito conhaque. A situação é conhecida como estupro marital, ou seja, o cônjuge se considera proprietário da mulher e faz sexo mesmo sem o consentimento da companheira.
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“É exatamente isso que acontece com a Nana. Apesar de, inicialmente, sentir que o que Diogo fez com ela é errado, ao conversar ele pede desculpas, diz que fez com a melhor das intenções, e ela acaba acreditando. Mais uma vez, ele a manipula, e ela não percebe”, avalia Fabiula Nascimento, em entrevista ao Notícias da TV.
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Dessa vez, porém, a empresária deve confrontar o marido a respeito do episódio, alegando que ele ignorou o fato de que ela estava praticamente inconsciente. Mesmo assim, Diogo fingirá arrependimento e ganhará o perdão da esposa.
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“Ela vive um relacionamento abusivo, mas não aquele clássico do marido que bate na mulher porque ela saiu de saia curta. Só que ele é mais do que machista, ele também tem traços de psicopatia na personalidade. Nana é uma mulher inteligente, instruída e independente financeiramente, mas não emocionalmente. Este homem aproveita a fragilidade dela para cometer suas maldades”, avalia Fabiula Nascimento.
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A situação de estupro marital, porém, não é a única denunciada por Bom Sucesso. A novela ainda expõe as violências “invisíveis” sofridas por Nana, já que Diogo tem agido para tomar posse da herança da esposa, um caso de violência patrimonial. Nesse caso, o cônjuge tem condutas que buscam a subtração ou a detruição do dinheiro e dos bens da esposa, crime previsto pela Lei Maria da Penha.
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As maldades do vilão também alcançam a violência psicológica: Diogo finge querer ver a felicidade da esposa, mas se aproveita da fragilidade de Nana para agir como bem entende. Por baixo dos panos, o empresário chantageia familiares, troca as pílulas da esposa, para que ela engravide, e ainda ameaça o melhor amigo dela, Mario (Lucio Mauro Filho).
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“Acho que Mario pode ser uma mão estendida, uma ponte que faz com que Nana lembre quem ela sempre foi, da menina que era e dos sonhos que ela tinha. Ele pode ajudá-la a encontrar seu caminho novamente. Não acredito que a mudança da vida dela esteja pautada no relacionamento com outros homens, mas sim numa amizade profunda, num amor verdadeiro como o que o Mario sente por ela”, avalia Fabiula Nascimento.
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Diante dos recorrentes episódios de abuso, a atriz torce para que sua personagem ao menos inspire as telespectadoras a reagir caso estejam em situação semelhante. “Acho que o relacionamento de Nana pode abrir os olhos de mulheres que vivem esses tipos de violência. Eu penso que, se você quer o bem e a felicidade de uma pessoa, você tem que libertá-la. O amor é livre, se não for assim, é prisão. O que quero para o futuro de Nana é que ela consiga se libertar de toda dor e mágoa, que consiga enxergar que é uma pessoa maravilhosa, que tem a chance de ser feliz. E, claro, que toda a verdade venha à tona”, conclui.
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Dados de fevereiro deste ano publicados pela BBC Brasil mostram que, em 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil. Ou seja, há 536 casos de violência doméstica por hora no país.
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Outras 22 milhões de mulheres (37,1%) passaram por algum tipo de assédio no mesmo período. Entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico, e mais da metade dessas mulheres não denunciou o agressou ou procurou ajuda. As estatísticas são de um levantamento do Datafolha feito em fevereiro encomendada pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para avaliar o impacto da violência contra as mulheres no Brasil.
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