HOME

Home

Violência contra a mulher vai muito além da agressão física

Saiu no JORNAL DA USP.

Veja a Publicação Original.

“No começo era tudo perfeito. Ele era uma pessoa incrível e maravilhosa com quem eu queria me casar.” Essa é uma memória comum de inúmeras mulheres que, assim como a estudante de psicologia Alana Vieira, sobreviveram a um relacionamento abusivo. Na maioria dos casos, essas histórias começam bem, mas terminam em agressões físicas, psicológicas, sexuais ou morte. Segundo a médica Renata Abduch, responsável pelo Serviço de Atenção à Violência Doméstica e Agressão Sexual (Seavidas) do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a violência traz marcas que essas vítimas não carregam apenas na pele, mas também na saúde física e mental.

Como Alana, outras 263 mil mulheres foram agredidas por maridos, namorados ou ex-companheiros e registraram ocorrências, invocando a Lei Maria da Penha, em 2018. Este ano, as vítimas de violência doméstica já chegaram aos 120 mil casos, de acordo com o Monitor da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher no Período de Isolamento Social do Instituto de Segurança Pública (ISP). Segundo dados referentes aos seis primeiros meses de 2020, divulgados pelo Monitor da Violência, do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, há ainda outras 1.890 vítimas que não podem mais contar suas histórias.

Sobre sua experiência, a estudante Alana diz que viveu “os dois piores anos” de sua vida. Afastada dos amigos e da família pelo ex-parceiro, enfrentou o pânico e a ansiedade durante todo o relacionamento. E era apenas uma adolescente; tinha 14 anos quando iniciou o namoro, mas já se depreciava como “mulher”. “Ele fazia com que a minha autoestima fosse péssima, me sentia uma mulher horrível e uma pessoa ruim”, diz a estudante, adiantando que só conseguiu se separar do companheiro após entender que o comportamento dele não era o esperado para uma relação saudável.

Alana sobreviveu, mas os sintomas psicológicos da agressão permaneceram por quase um ano. Fato que pode se repetir com vítimas de violência. Segundo a médica Renata, após episódios de agressão como os sofridos por Alana, a mulher pode desenvolver transtornos psicológicos, como stress pós-traumático, depressão, transtorno de personalidade e problemas de autoestima que, em último caso, podem levar ao uso e abuso de drogas e álcool.

E esses sintomas são importantes sinais de alerta sobre essas agressões, lembra a médica, insistindo para que os profissionais de saúde fiquem atentos para “dar o espaço que essa vítima precisa para trazer questões, às vezes muito antigas, que culminam com esses sinais”. Além do psicológico, Renata alerta ainda para as consequências físicas da violência, como as infecções sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada, que podem acontecer em decorrência do abuso sexual.

Em Ribeirão Preto, maioria das vítimas é menor de 13 anos 

Ribeirão Preto reflete o cenário nacional. Segundo a médica, o Seavidas atendeu cerca de 485 vítimas de agressão em 2019. De janeiro a junho deste ano, o número de ocorrências já passa dos 350 casos. Do total, 58% eram crianças entre 0 e 13 anos de idade. Na maioria das ocorrências, o agressor é familiar ou pessoa próxima, por isso “há uma demora para perceber que aquilo não é afeto, mas sim um ato de violência”, diz.

Veja a Matéria Completa Aqui!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no linkedin
LinkedIn

Veja também

HOME