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Recente estudo encomendado pela CNI[1] constatou que, embora sejamos mais escolarizadas, a nossa participação em cargos de liderança é de apenas 39,1%, o que demonstra que, se mantivermos o ritmo de crescimento atual, precisaremos de 131 anos para que seja alcançada a equidade entre homens e mulheres no Brasil.
Estes dados chocam e, ao buscarmos as justificativas para tamanha desigualdade, nos deparamos com outros elementos como o fato de que o tempo despendido com a jornada de trabalho reprodutiva, aquela que envolve as atividades domésticas, é quase 7 horas maior para mulheres, se considerarmos o tempo semanal de dedicação – número que salta ainda mais se tratando de mulheres desempregadas[2].
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O fato de as mulheres serem as principais responsáveis pelas atividades domésticas é um traço histórico e que nos coloca em desvantagem também no mercado de trabalho. A verdade é que hoje as mulheres são sobrecarregadas com um volume de trabalho intenso que é somado, na maior da parte das vezes, aos cuidados com a casa e família. As mulheres acabam, assim, enfrentando obstáculos e desafios adicionais, que impactam o desenvolvimento de suas carreiras profissionais.
As organizações precisam estar atentas às particularidades enfrentadas pelas mulheres e encontrar meios de solucionar estas disparidades. Daí a importância da discussão sobre equidade de gênero no ambiente corporativo, que pode ser defendida com a criação de um grupo para debate e atuação no tema.
Há algum tempo temos notado mais iniciativas das empresas voltadas para a equidade de gênero, porém somente cerca de 14% delas possuem uma área específica ou comitê dedicado ao assunto[3].
A Mondelez Brasil se enquadra neste percentual. Temos hoje um comitê chamado WIM (Woman in Management, ou Mulheres na Liderança, em português) focado em iniciativas para alavancar e desenvolver a carreira de mulheres da organização.
Esse grupo faz parte da estrutura de Diversidade, Equidade e Inclusão, com pilares focados em 4 grupos: Pride (diversidade LGBTQIA+), Genus (diversidade étnico-racial), PCD (diversidade Pessoas com Deficiência) e o WIM. No WIM, atualmente, temos 35 membros, majoritariamente mulheres e, para dar tração às entregas e garantir uma atuação estratégica, temos uma divisão em 6 subgrupos que trazem maior eficiência às demandas.
Dentro do WIM mapeamos os dados da organização e nos dividimos sobre os temas que precisam ser enfrentados com iniciativas que vão desde a capacitação focada em todo o público feminino da companhia, através de mentoria e treinamentos que contemplam temas como: empoderamento, carreira, capacitação técnica, assédio, autoliderança, entre outros, até benchmarks com outras empresas no mercado.
A Mondelez Brasil é também associada ao MM360 – Movimento Mulher 360, que luta pelo avanço da equidade de gênero no ambiente corporativo e é signatária do ONU Mulheres, organização das Nações Unidas que busca expandir a luta pela defesa dos direitos das mulheres.
Além disso a empresa mantém seu olhar sobre os benefícios e programas com enfoque nas colaboradoras e também implementou o movimento He For She (Eles por Elas), lançado pela ONU Mulheres em 2014 e internalizado na companhia através da capacitação de homens sobre os temas de liderança feminina para que atuem como aliados pela promoção da equidade de gênero.
Tais iniciativas têm possibilitado nossa organização a participar de maneira ativa na luta por uma sociedade inclusiva como parte da estratégia de negócios. Não só pelo fato de que ambientes diversos são mais criativos, inovadores, eficientes e lucrativos, mas também pela forma como a nossa atuação impacta a comunidade em torno das instalações fabris e escritórios administrativos.
Além disso, estas ações vêm sendo reconhecidas pelo mercado e trouxeram a Mondelez Brasil para o ranking GPTW de Melhores Empresas para Mulheres Trabalharem. Também, em 2023, a empresa foi Top 15 no WILL – Women in Leadership in Latin America. E, em 2021, conquistou a categoria Bronze no Prêmio WEP Brasil 2021. WEP é a sigla inglesa para Princípios de Empoderamento das Mulheres (Women’s Empowerment Principles, no original) e é uma parceria da ONU Mulheres e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com financiamento da União Europeia pela igualdade de gênero nos negócios.
Essas conquistas fazem os olhos brilhar, mas queremos mais. Este artigo tem o objetivo de inspirar outros times que possuem a ambição de fazer parte do coletivo de profissionais que querem transformar a nossa sociedade. Engana-se quem pensa que “já conquistamos muito”. Não podemos esperar 131 anos para atingir a igualdade devida entre homens e mulheres.
Os dados mencionados neste texto mostram onde podemos avançar. Éfu Nyaki, pensadora tanzaniana, tem uma famosa citação que diz o seguinte: “Metade do mundo são mulheres, a outra metade, os filhos delas”.
A partir de hoje, precisamos nos unir em torno de uma conscientização coletiva e de um objetivo comum. Precisamos acelerar mais. Conquistar mais aliados. Formar mais fóruns de discussão. Mentorar mais mulheres sobre suas carreiras. Implementar mais iniciativas e políticas dentro das empresas. E você? O que tem feito no seu time para acelerar a transformação da sua organização em prol da igualdade de gênero?
Autoras do Comitê WIM Mondelēz Brasil:
Mariana Simões – Engenheira mecânica pela UFPE com graduação sanduíche em Engenharia Aeroespacial na Universidade de ENSAM (Bordeaux). Gerente de Projetos para Chocolates, Balas e Gomas na Mondelēz Brasil. Líder de Diversidade para equidade de gênero (WIM)
Maria Paula Banholi – Mãe do Vicente e advogada. Bacharel em Direito pela Universidade Cândido Mendes e pós-graduada em Direito Tributário e Contabilidade pelo IBMEC. Coordenadora Jurídica da Mondelēz Brasil e membra dos Comitês de Inovação Jurídica e de Diversidade para equidade de gênero (WIM)
Veridiana de Assis – Mãe da Helena, esposa do Alexandre e advogada formada há 20 anos pela Universidade de Coimbra. Com MBA pela FGV, extensão em Direito de Nova York pela FGV e uma certificação em compliance pela SCCE com CCEP-I, é Executiva Jurídica na Mondelēz, liderando equipes de profissionais jurídicos que apoiam as funções comerciais da empresa em diversos domínios
Julia Truber – Bacharel em Direito pela Unicuritiba. Pós-graduada em Direito Processual Civil pelo Instituto de Direito Romeu Felipe Bacelar e pós-graduanda em Direito Empresarial pela PUC-RS. Advogada na Mondelēz Brasil e membra dos Comitês de Inovação Jurídica e de Diversidade para equidade de gênero (WIM)
Maria Leilana Leolatto – Idealista que acredita em um mundo bem melhor onde equidade e diversidade serão temas críticos de um passado superado da humanidade. Química e pós-graduada em gestão estratégica de pessoas. Hoje com 20 anos de carreira, é diretora de qualidade e coordenadora de crises na Mondelēz Brasil
Isabella Mara Lima – Engenheira de Produção Mecânica formada pela Unip, MBA em Gestão de Projetos pela Esalq-USP. Coordenadora Sênior de Trade Marketing Inovação na Mondelēz Brasil e líder de Diversidade para equidade de gênero (WIM)
Patricia Alexandra – Engenheira química pela UEM e pós-graduada em Big Data, Gestão de Dados e Analytics pela PUC-PR). Analista Sênior Power BI na Mondelēz Brasil e membra do Comitê de Diversidade para equidade de gênero (WIM)
Paula Andrea Marinho – Administradora de empresas pela Unopar, pós-graduada em Higiene Ocupacional pela Faculdade de Ciências Humanas (Esuda) e técnica em segurança do trabalho pelo IFPE. Técnica em segurança do trabalho sênior da Mondelēz Brasil e membra dos Comitês de Ergonomia e de Diversidade para equidade de gênero (WIM)
[1]Equidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho levará 131 anos. Disponível em: <https://whitepaperdocs.com/2024/03/equidade-entre-homens-e-mulheres-no-mercado-de-trabalho-levara-131-anos/#:~:text=A%20participa%C3%A7%C3%A3o%20de%20mulheres%20em,homens%20e%20mulheres%20no%20Brasil.>Acesso em 10/05/2024
[2]Diferença salarial entre homens e mulheres diminui, mas elas chegam a menos cargos de liderança. Disponível em <https://istoedinheiro.com.br/diferenca-salarial-entre-homens-e-mulheres-diminui-mas-elas-chegam-a-menos-cargos-de-lideranca/>. Acesso em 10/05/2024
[3]Indústria & Mercado de Trabalho – Igualdade de gênero e principais desafios. Disponível emhttps://static.portaldaindustria.com.br/portaldaindustria/noticias/media/filer_public/7a/7e/7a7e064e-1416-46d3-9e55-09a4e3ebcf16/pesquisa_mulheres_na_industria.pdf