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Veja publicação original: Treinadora de judô do Brasil vence barreira de gênero no tatame
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Rio de Janeiro, 10 Jul 2018 (AFP) – Yuko Fujii conseguiu superar um dos maiores obstáculos do mundo do esporte ao se tornar, no fim de maio, a primeira treinadora da equipe masculina de judô.
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Originária do Japão, a faixa preta Fujii, de 35 anos, fez história em solo brasileiro.
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Em potências mundiais do judô como Japão, França ou Rússia, os homens treinam equipes tanto masculinas quanto femininas e na terra de Fujii, a ideia de uma mulher estar acima dos homens seria inimaginável.
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“O Japão é mais tradicional e machista que o Brasil. A seleção masculina não tem uma única mulher. Bem, só uma, a nutricionista”, contou Fujii à AFP no centro de treinamento nacional do Rio de Janeiro.
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Esse panorama se repete em todo o espectro esportivo.
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No Brasil, uma mulher, Emily Lima, esteve durante um período curto à frente da equipe feminina de futebol, mas foi demitida em 2017 e substituída por um homem.
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O mesmo aconteceu em 2015, na Espanha, quando Gala León, primeira e única mulher a comandar a equipe da Copa Davis, foi demitida.
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No entanto, Fujii recebeu calorosas boas vindas.
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“Sensei Yuko fez bastante diferença. Nosso nível técnico já melhorou com ela, nossa sensei”, disse Ruan Isquierdo, um corpulento integrante da seleção brasileira, que chama sua treinadora com a honorável expressão japonesa, que pode ser traduzida como “mestre”.
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Com 140 quilos, Isquierdo parece literalmente uma torre ao lado da diminuta Fujii, mas apesar de toda a sua força, diz que não daria nada como garantido em um combate com sua “sensei”.
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“Se eu demoro, ela me joga. Com certeza, consegue”, ri. “A habilidade que ela tem é muito alta”.
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– Judô e não gênero -Para Fujii, os conflitos de gênero são algo abstrato em comparação com o objetivo de vencer um combate no tatame do judô.
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“Meu pensamento não é assim, ‘Eu sou mulher, os outros são homens’. Eu nunca pensei nisso. Meu pensamento é sempre assim: eu posso dar meu ponto forte para ajudar a equipe?”, disse.
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Esta atitude talvez explique sua designação pela Confederação Brasileira de Judô que, segundo informações, examinava uma curta lista liderada pelo ex-medalhista olímpico Tiago Camilo.
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Os dirigentes do judô local queriam uma mudança de direção, com a aproximação dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 e o desempenho decepcionante nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 na memória.
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Fujii havia sido recrutada pelo Brasil em 2013, após ter integrado a equipe técnica da equipe britânica dos JO de Londres-2012, com prata para Gemma Gibbons e bronze para Karina Bryant.
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No Rio, foi assistente de treinamento das equipes dos dois sexos e passou muito tempo com as categorias mais jovens, concentrada no panorama do judô nacional.
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Sua estrela subiu ainda mais quando Rafaela Silva, que ela treinou, conquistou o ouro nos Jogos do Rio.
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Rafaela Silva conta que Fujii a ajudou a deixar para trás as lembranças de uma angustiante desclassificação nos JO de Londres, as agressões racistas e a depressão que sofreu ao voltar ao Brasil.
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E acredita que também pode “ajudar a equipe masculina no momento em que não vai tão bem”, disse.
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“Eu acho que vai ser um diferencial. Os meninos vão poder aprender um pouco da equipe feminina”, acrescentou, enquanto observava Fujii dar aula a meia dúzia de jovens promessas.
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– Pioneira? -Fujii é uma das exceções que confirmam a regra da pouca representação feminina entre as espectadoras.
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Nos Estados Unidos, Rebecca Lynn Hammon ficou famosa ao ser contratada pelo San Antonio Spurs e virou a primeira mulher assistente de treinador da NBA. Segundo a imprensa, Hammon está na lista de possíveis diretores técnicos.
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Mas trilha sozinha este caminho, pois mesmo em nível universitário, as atletas mulheres são sistematicamente treinadas por homens.
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O mesmo acontece no tênis.
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A francesa Amélie Mauresmo rompeu a escrita ao treinar Andy Murray e acaba de ser nomeada a timoneira da equipe francesa da Copa Davis.
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Mas as principais estrelas da raquete feminina, as irmãs americanas Venus e Serena Williams, têm treinadores homens.
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Fujii considera que a situação das mulheres está melhorando tanto na Federação Internacional de Judô quanto no tatame, com mais treinadoras e atletas com perfis ascendentes.
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Quando perguntada se se sente uma pioneira, ela ri entre dentes. Sabe que no fim das contas será julgada pelo desempenho do Brasil em Tóquio e diz que seu principal objetivo é que a equipe mostre um bom judô e dê tudo de si. Só então, “a gente vai saber se sou uma pioneira ou não”, afirma.
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