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Terças-Jurídicas – Uma em cada quatro brasileiras sofreu violência durante a pandemia, revela pesquisa

Saiu no O GLOBO

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Segundo levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Datafolha, oito mulheres foram agredidas fisicamente por minuto nos últimos 12 meses; principal agravante da violência foi a perda de emprego e a impossibilidade de trabalhar

RIO. Uma em cada quatro brasileiras com mais de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência ou agressão nos últimos doze meses, durante a pandemia de Covid-19. Isso significa dizer que, cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual ao longo do último ano. Os dados são da terceira edição da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Datafolha, lançada nesta segunda-feira (7)

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O percentual de mulheres que afirmaram ter sofrido violência nesta pesquisa é ligeiramente inferior aquele verificado no levantamento anterior, lançado em 2019. Porém, isso não significa que a violência contra a mulher diminuiu. Na prática, quando se observa o local onde as agressões ocorreram, mais mulheres disseram ter sofrido violência em casa — 49% nesta edição, contra 42% na anterior; e uma porcentagem menor foi agredida na rua — 19% agora, contra 29% na edição passada.

Ou seja: durante a pandemia, a violência contra a mulher se tornou mais expressiva em casa. Esse fenômeno não surpreende e não é exclusividade brasileira. Antes de o coronavírus chegar com força por aqui, alertas nesse sentido já vinham sendo feitos por organismos internacionais e entidades de defesa dos direitos das mulheres a partir do que ocorreu na China e na Europa. Porém, em países que tiveram lockdowns mais rígidos, o confinamento teve mais peso no agravamento da violência doméstica. Por aqui, o principal fator citado pelas entrevistadas foi outro.

Para as brasileiras, a dificuldade de garantir autonomia financeira foi o que as deixou mais vulneráveis à violência durante a pandemia. A perda de emprego ou a impossibilidade de trabalhar para garantir renda própria foi o motivo citado por 25,1% das entrevistadas que sofreram violência. Mais da metade dos entrevistados afirmaram que permaneceram mais tempo em casa durante a pandemia, e a maior convivência com o agressor foi citada por 21,8% das respondentes como agravante da violência. As dificuldades de acionar a polícia ou ir até uma delegacia da mulher apareceram em terceiro lugar, mencionadas apenas por 9,2% das entrevistadas.

— Nos primeiros meses de pandemia, utilizamos hipóteses um pouco importadas para explicar o aumento da violência, tomando como referência o que aconteceu em países que viveram lockdowns bastante rígidos, onde as dificuldades de locomoção e o isolamento social tiveram muito impacto. Isso também afetou as brasileiras, mas somente as de uma determinada classe social mais alta, que puderam trabalhar de casa [26%, conforme a pesquisa]. No fim, para a maioria das brasileiras, a redução na renda foi o que mais pesou — explica Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Desde o início da pandemia, o desemprego tem afetado mais as mulheres. Só nos primeiros 15 dias de confinamento, em março de 2020, 7 milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho. O impacto desigual da crise econômica entre os gêneros persistiu. Segundo dados mais recentes do IBGE, no primeiro trimestre de 2021 a taxa de desocupação entre os homens era de 12,2% e, entre as mulheres, de 17,9%.

A relação direta entre o desemprego ou a dependência econômica com a maior vulnerabilidade à violência também foi identificada entre as mais de 6 mil vítimas atendidas pelo projeto Justiceiras ao longo do último ano. Mais de 40% delas relatam estarem desempregadas, sendo que 35% não tem nenhuma renda.

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