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Temer reduz mulheres no alto escalão do governo ao nível de 15 anos atrás

Saiu no site FOLHA DE SP:

 

Veja publicação original:  Temer reduz mulheres no alto escalão do governo ao nível de 15 anos atrás

Por LAÍS ALEGRETTI

 

Michel Temer chega ao Senado para tomar posse como Presidente da República, no Senado; Temer é empossado após senadores votarem pelo impeachment da petista Dilma Rousseff

 

 

A proporção de mulheres nos cargos mais altos de confiança no Executivo federal diminuiu após Michel Temer assumir a Presidência da República.

 

 

Levantamento feito pela Folha com dados do Ministério do Planejamento aponta que o percentual de mulheres na elite do funcionalismo voltou ao patamar de 15 anos atrás, fim do governo Fernando Henrique Cardoso.

 

 

Nas funções de confiança com remuneração média de R$ 20 mil, as mulheres são apenas 22% —ou seja, não chegam a um quarto do total dessas vagas. Quando Fernando Henrique deixou o governo, no fim de 2002, a taxa era de 21,5%.

 

Em abril de 2016, antes de Dilma Rousseff deixar a Presidência, a taxa era de 26,2%.

 

 

O cálculo considera parte dos cargos em comissão do grupo DAS (sigla para Direção e Assessoramento Superiores), que são divididos em níveis de 1 a 6 -quanto maior o nível, mais alto o salário do servidor.

 

 

Os patamares 5 e 6, considerados no levantamento, são as funções mais elevadas, atribuídas, por exemplo, a assessores especiais e secretários de ministérios.

 

 

Se forem considerados também os níveis 1 a 4, que estão abaixo dos outros dois, a proporção de mulheres é, segundo os dados mais recentes, de 42,7% do total de cargos comissionados.

 

 

A inserção das funcionárias cai, contudo, nos níveis mais altos e com remunerações melhores -comportamento que também é verificado na iniciativa privada, segundo especialistas.

 

No serviço público, segundo pesquisadoras, a diferença da inserção de homens e mulheres pode ser vista exatamente na atribuição de cargos de confiança, já que o ingresso dos servidores sem cargo comissionado ocorre por meio de concurso e, assim, não leva em conta o gênero do candidato.

 

 

“A dificuldade de ascender a cargos de chefia é semelhante ao que ocorre no setor privado. Muitas vezes as mulheres não são vistas como capazes de ocupar determinadas funções; muitas vezes, elas não se veem capazes”, disse Natália Fontoura, especialista em políticas públicas e gestão governamental do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

 

Ela aponta que a figura do homem branco, escolarizado e 100% disponível para o trabalho ainda é a imagem do trabalhador ideal para a maior parte da sociedade.

 

 

Especialista em gestão de pessoas, a professora da UnB Débora Barem afirma que a questão cultural é a única explicação para essa dificuldade de mulheres assumirem cargos de chefia.

 

 

“É o pensamento de que, se é mulher, funciona mais para cargos operacionais. Mulher no comando não é algo palatável para muita gente no país”, disse.

 

 

Responsável por divulgar os balanços com informações de pessoal, o Ministério do Planejamento informou que a nomeação para esses cargos é uma decisão de cada pasta.

 

 

“As nomeações em cargos comissionados no governo federal são feitas de forma discricionária por cada órgão”, disse o ministério.

 

 

A Secretaria de Políticas para Mulheres não comentou os dados do funcionalismo. Afirmou, por meio da assessoria, que “as desigualdades de gênero no exercício de direitos e de acesso aos cargos de poder e decisão existem desde sempre na história do Brasil, onde predomina a cultura machista e a ideia de superioridade masculina”.

 

 

Após mencionar mulheres em cargos de destaque, a pasta disse que há “exemplos de mudança na sociedade brasileira” e reconheceu que “ainda há muitas disparidades a serem superadas”.

 

 

RETRATO

 

 

Ao assumir a Presidência e indicar seus ministros, no ano passado, Temer foi criticado pela ausência de mulheres e negros nos ministérios.

 

 

A Folha mostrou que ele foi o primeiro presidente desde Ernesto Geisel (1974-1979) a não incluir mulheres no primeiro escalão da Esplanada.

 

 

Enfrentando críticas, Temer escolheu, em seguida, a economista Maria Silvia Bastos Marques para comandar o BNDES. Em maio deste ano, ela pediu demissão.

 

 

Ocupam hoje o primeiro escalão do governo Temer a advogada-geral da União, Grace Mendonça, e a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois.

 

 

 

 

 

 

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