Saiu no site BOA FORMA:
Veja publicação original: Tatyana McFadden: paratleta recordista viveu no orfanato até os 6 anos
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Por Giulia Granchi
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Russa naturalizada americana coleciona medalhas em Paralimpíadas, campeonatos mundiais e nas principais maratonas do globo
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Quem assistiu, no último dia 16 de abril, à vitória da paratleta e multicampeã Tatyana McFadden na Maratona de Boston 2018, na categoria de cadeiras de rodas, provavelmente não imaginou que a vida da corredora nem sempre foi marcada por medalhas douradas. Natural de São Petesburgo, na Rússia, Tatyana nasceu com espinha bífida, condição congênita que causou paralisia de seus movimentos da cintura para baixo.
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Foi deixada ainda bebê em um orfanato da cidade por sua mãe, que não tinha condições de criá-la. Viveu sem uma cadeira de rodas até os 6 anos, idade que tinha quando o local em que morava recebeu a visita de Deborah McFadden, na época funcionária de um órgão americano que atende pessoas com deficiência. Deborah e sua parceira, Bridget O’Shaughnessey, se encantaram com Tatyana e decidiram adotá-la e levá-la para morar em Baltimore, nos Estados Unidos.
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A garotinha tinha problemas de saúde por desnutrição e os médicos diziam que não teria muito tempo de vida. Mas sua nova família não aceitou o prognóstico: apostou nos esportes para que ela pudesse desenvolver a musculatura e ter qualidade de vida. O primeiro contato foi na escola, aos 8 anos. “Passei pelo basquete de cadeira de rodas, hóquei, natação… Mas foi pela corridaque me apaixonei de verdade”, conta em entrevista exclusiva a BOA FORMA. “Quando comecei a praticar esportes, meu mundo mudou. Me sentia mais saudável, independente e parte da minha comunidade. Também aprendi o que era trabalhar duro e vencer problemas.”
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Aos 15 anos, a paratleta já fazia parte do time nacional e competiu nos Jogos Paralímpicos de Verão de 2004, em Atenas, conquistando uma medalha de prata nos 100 metros rasos e uma de bronze nos 200 metros. Disputou também os Jogos Paralímpicos de Verão de 2008, em Pequim, e levou medalhas de prata nos 200, 400 e 800 metros – além do bronze no revezamento de cadeirantes.
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Até então, Tatyana era um sprinter, corredora que atua apenas em curtas distâncias. Mas, em 2009, sua carreira mudou. Enquanto treinava nas pistas de atletismo da Universidade de Illinois, onde estuda Desenvolvimento Humano e Estudos Familiares, seu coach, Adam Bleakney, propôs que ela passasse a correr maratonas (42K). “De início, pensei ‘de jeito nenhum’.” Mas ela tentou e foi bem-sucedida.
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Em sua primeira aventura, na Maratona de Chicago de 2009, a americana ficou em primeiro lugar. Foi o início de uma série de conquistas impressionantes como corredora de longas distâncias: ela venceu a Maratona de Nova York cinco vezes, a de Chicago sete vezes, a de Boston cinco vezes e a de Londres quatro vezes.
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Em 2013, mais uma vitória: tornou-se a primeira atleta (paralímpica ou não) a ganhar, no mesmo ano, quatro das principais maratonas do mundo, Boston, Londres, Chicago e Nova York – feito que ela repetiu em 2014 e 2015. Tatiana também se tornou, em 2013, a primeira mulher a ganhar seis ouros em uma mesma edição do Campeonato Mundial IPC Athletics, vencendo os 100, 200, 400, 800, 1 500 e 5 000 metros.
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“Olhando para minha vida agora, sou muito grata à minha família pelo incentivo a praticar esportes. Sei que sou exemplo para várias pessoas e acho importante mostrar que somos todos iguais e podemos fazer o que amamos normalmente”, afirma.
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Treinos intensos
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Para tantas conquistas – já são mais de 40 medalhas só de ouro – Tatyana precisou treinar muito. “Hoje, minha rotina consiste em dois períodos de treino por dia, entre duas e quatro horas de atividade. Percorro mais de 160 quilômetros por semana”, relata. A atleta também faz treinos específicos para subidas, descidas e curvas, além de exercícios paraconstruir força, mobilidade e estabilidade.
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Em terras verde e amarelas
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Sobre sua participação paralímpica mais recente, nos Jogos do Rio 2016, onde conquistou quatro medalhas de ouro (400, 800, 1 500 e 5 000), Tatyana afirma ter adorado a competição e a visita ao país. “Foi uma edição maravilhosa. As pessoas foram ótimas e fizeram o período no Brasil ser fácil e muito divertido. Acho que sediar a Paralimpíada ensinou um pouco mais aos brasileiros sobre as deficiências e espero que cada vez mais atletas possam competir no futuro”, declara.
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Projeto social
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McFadden é hoje uma das embaixadoras do Desafio Mobilidade Ilimitada, criado pela Toyota Mobility Foundation em parceria com o Challenge Prize Centre, da fundação global Nesta. O projeto convida profissionais do mundo todo a desenvolver tecnologias capazes de transformar radicalmente a mobilidade daqueles com paralisia nos membros inferiores e premia a criação de aparelhos com tecnologia inteligente.
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“Quando viajo para outros países, vejo a dificuldade que as pessoas com deficiênciapassam por falta de acessibilidade nas cidades. Elas precisam trabalhar, estudar e viver uma vida normal e confortável, por isso o projeto é tão importante”, declara Tatyana.
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Um grupo de jurados especialistas escolherá cinco finalistas que receberão US$ 500 mil cada um para transformar suas ideias em um protótipo real. O vencedor do desafio será revelado em Tóquio, em 2020, e receberá US$ 1 milhão para levar o produto ao mercado.
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