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Veja publicação original: Surfe feminino: A luta, o reconhecimento e a ascendência
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Por Maira Fernandes
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O sal arde o olho, o coração bate no ritmo do mar, o sol atrapalha a visão e mesmo assim ela brilha. A cada remada, o nervosismo da onda da sua vida. Será que a manobra vai ser boa o suficiente? Será que os corais estão longe o suficiente? Será que os juízes conseguem ver direito? Será que vai ser o suficiente? E então a onda perfeita vem. Os aplausos, o grito, o choro, mas o confronto mais difícil que tem pela frente não é a próxima adversária.
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Nos últimos anos, a batalha pelo surfe feminino dentro do país tem sido constante. Dizer que o surfe nacional está em crise causa até um estranhamento, já que temos atletas nas posições mais altas do ranking da WSL. Filipe Toledo em primeiro, Medina e Tatiana West-Webb em terceiro e Ítalo Ferreira em quarto – mas a chamada “Brazilian Storm” só acontece lá fora.
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Os campeonatos nacionais, responsáveis por lançar e dar visibilidade aos surfistas, não conseguem nem sair do papel, e quando acontecem, chegam a pagar R$4 mil à campeã. O Super Surf, por exemplo, foi por muito tempo o principal campeonato nacional e acabou em 2015 por falta de patrocínio.
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Para essas mulheres, surfar é muito mais do que subir em uma prancha e dropar uma onda, é uma luta. Segundo a BBC, muitas não conseguem ter o esporte como o seu único sustento e, mesmo assim, as que desejam continuar no esporte enfrentam uma série de dificuldades: desde falta de incentivo na base, escassez de campeonatos nacionais e falta de patrocínio para as atletas, até o machismo que ainda persiste nas areias e nas campanhas publicitárias.
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Mas as brasileiras decidiram não morrer na praia. Atualmente, o Brasil possui três representantes na elite do Surf: Silvana Lima, que conseguiu pela primeira vez um patrocínio máster esse ano, Tatiana Weston-Webb, que se naturalizou brasileira e passou a representar o país na etapa de Saquarema e Tainá Hinckel. Mesmo assim, a esmagadora maioria ainda é masculina. A elite mundial conta com 15 atletas brasileiros, exatamente 1/3 da liga, enquanto isso na categoria feminina, das 25 competidoras, 3 são brasileiras, a maior participação do torneio, desde 2010.
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Há oito anos, as brasileiras representavam 17% das competidoras nas etapas qualificatórias do mundial (WQS). Sem incentivo nacional, o índice caiu para 2% em 2015. Mas a curva voltou a ser ascendente, em 2018 o Brasil representava 5% da competição.
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Esse ano, a categoria parece estar ganhando um respiro. Em abril, a Confederação Brasileira de Surf anunciou que irá premiar, pela primeira vez, a mesma quantia para homens e mulheres, total de 40 mil reais.
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A diferença do prêmio em dinheiro do torneio mundial (WSL) entre as categorias é de 40 mil reais. Procurada pela reportagem, a World Surf League não respondeu sobre os cálculos da premiação.
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De 30 de julho a 05 de agosto acontece mais uma etapa feminina da WSL em Huntington Beach, Califórnia. Você acompanha tudo na ESPN Extrae no WatchESPN, com narração e comentários feitos exclusivamente mulheres e transmissão comandada por Vivian Mesquita.
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