Saiu no site UNIVERSA:
Veja publicação original: Sul-coreanas se rebelam contra a obsessão da beleza física
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“Sem espartilho” é um hashtag e um novo movimento feminista que se propaga nas redes sociais da Coreia do Sul. Trata-se de uma mobilização de luta contra a ditadura da aparência e contra a obrigação de usar maquiagem pesada.
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“Espartilho” se refere aos cânones de beleza impostos às sul-coreanas. Elas são as maiores consumidoras do mundo de produtos de beleza. A norma é que usem uma dezena de produtos diferentes por dia e uma mulher que não se maquie o bastante é criticada abertamente pelos seus próximos.
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Em um vídeo que viralizou no Youtube, a vlogger Bae Lina se filma ao se maquiar, enquanto na tela desfilam mensagens insultuosas sobre sua aparência. Em seguida, sempre em silêncio, ela retira a maquiagem, os cílios falsos, as lentes de contato, coloca os óculos e sorri.
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Uma mensagem surge na tela e diz: “Muitas mulheres passam de uma a duas horas a se maquiar todos os dias. Você não tem obrigação de ser bela. Não se importe com o olhar dos outros”. O vídeo já foi visto quase 1,8 milhão de vezes e se tornou símbolo do movimento “sem espartilho”.
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No lixo!
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No Twitter, usando o hashtag, sul-coreanas postam fotos de seus produtos de beleza jogados ao lixo e de seus cabelos cortados. “Posso dormir mais tempo e economizar dinheiro”, comemora uma YouTuber que usa o nome de “femme” (mulher, em francês).
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No começo de junho, uma outra vlogger especialista em tutoriais de maquiagem pelo canal “Daily Room”, faz sensação ao anunciar que vai acabar com seus posts, em um vídeo visto por 430 mil internautas. “Cortei meus cabelos e, a partir de hoje, não posso mais continuar com os vídeos de conselhos de beleza. Quero me libertar desse trabalho árduo de decoração que é imposto às mulheres pela sociedade. Quero mostrar que mesmo uma viciada em maquiagem como eu, que se empeteca todos os dias e fez disso seu principal hobby, pode se livrar do espartilho”.
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Na TV de óculos, que ousadia!
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Mas o caminho é longo para as feministas sul-coreanas. Em abril, Im Hyun-joo, uma jornalista de televisão gerou muita discussão após ousar um extraordinário ato de coragem: ela apresentou o jornal de óculos! Foi algo inédito. “Quis mandar um recado para a sociedade”, ela explicou depois.
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A Coreia do Sul é um país tão patriarcal que a palavra “feminista” é considerada como insulto. Mas o movimento “Mee too”, que chegou com atraso ao país, teve um forte impacto: as sul-coreanas agora ousam apresentar queixas e falar em voz alta.
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Este ano, os progressos são notórios: desde abril, as comissárias de bordo da companhia aérea Jeju Air têm a permissão de usar óculos e as colegas da concorrente Asiana podem usar cabelos curtos. A luta por uma sociedade “sem espartilho” de verdade mal começou.
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