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“Sou machista?” Especialistas comentam dúvidas de homens sobre feminismo

Saiu no site UNIVERSA:

 

Veja publicação original: “Sou machista?” Especialistas comentam dúvidas de homens sobre feminismo

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Por Talyta Vespa

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Os homens querem saber como é que “funciona esse negócio de feminismo“.

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“Sempre que tento conversar com uma mulher sobre o tema, ouço que não tenho propriedade para falar dele. Que não tenho o tal ‘lugar de fala’”, diz o funcionário público Antônio Tunis, de 43 anos. Tunis faz parte de um grupo de 11 homens ouvidos por Universa, que têm muitas dúvidas acerca das ideias feministas. Ele quer saber, por exemplo, se os homens, principais causadores do machismo, devem ser excluídos das discussões desses movimentos.

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As dúvidas foram levadas e respondidas por mulheres que entendem do assunto, a coach e ativista feminista Barbara Hannelore, e a advogada especializada em diversidade e feminismo, Carla Boin. “Não, eles não devem”, diz Carla, a respeito da pergunta de Tunis.

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“O que é feminismo?”

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Marcelo Fernando, 52 anos, empresário

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De acordo com Barbara, o feminismo é um movimento que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres. “Uma das frases que melhor o define é da pesquisadora Djamila Ribeiro: ‘O objetivo do feminismo é uma sociedade sem hierarquia de gêneros, para que, dessa forma, o gênero não seja utilizado para conceder privilégios ou legitimar a opressão’.”

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“O feminismo é dividido em três fases: chamamos de primeira onda a que aconteceu no início do século XIX. Ela lutava pelo direito ao voto, entre outras questões. Na segunda onda, no começo dos anos 1970, entraram na pauta o direito ao prazer e o fim da violência sexual”, diz Barbara.

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O início da década de 1990 marca a terceira onda do feminismo, a que vivemos hoje. Ela procura entender como o machismo influencia nos direitos que as mulheres conquistaram nas outras ondas.

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“Por que algumas mulheres se recusam a ver a importância do feminismo e são até agressivas com o tema?”

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Phillip Schrijnemaekers, 29 anos, piloto comercial

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Para Carla, muitas vezes, ser contra o feminismo é um processo reativo. “Há mulheres que foram criadas em ambientes machistas e não conseguem entender realidades diferentes das vividas até ali”. Outro motivo, diz ela, é que “às vezes, acontecem exageros por parte de feministas; e eles acabam deturbando o real significado do movimento”.

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“Fazer comentários libidinosos para uma mulher é considerado machismo. Fazer o mesmo com homens é considerado o quê?”

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Raphael Andrade, 24 anos, assessor de comunicação

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“Qualquer tipo de abordagem que resulte em sentimento de vergonha ou medo é um desrespeito”, diz Barbara.

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“Existem mulheres machistas?”

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Renan Carvalho, 27 anos, analista de marketing

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“Sim. Há dois tipos delas: as que vivem o machismo e as que o reproduzem. No primeiro caso, estão mulheres que dependem emocionalmente de um relacionamento, têm medo de se expressar e são submissas ao companheiro. O segundo caso é o das que mimetizam comportamentos e falas machistas contra outras mulheres; por exemplo, as que chamam de ‘fácil’ uma mulher que transa com vários caras”, explica Barbara.

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“Disse que mulheres que fazem plástica têm problemas de autoestima e fui acusado de ser machista. Eu fui?”

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Victor Luís, 30 anos, jornalista

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Para Barbara, não. “Acredito que o comentário tenha sido mais uma generalização errada do que machista. Sem contar que, na minha opinião, plásticas, muitas vezes estão relacionadas a questões de autoestima”.

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“O que é um ‘esquerdomacho’?”

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Thauan Fidélis, 24 anos, relações públicas

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“Esquerdomacho é uma gíria usada para designar um homem que afirma ser a favor do feminismo e das liberdades da mulher, mas que, na prática, é um machista. Caras que dizem apoiar o fim da desigualdade de gênero, mas sempre que podem, diminuem uma mulher”, explica Barbara.

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“Que tipo de atitudes socialmente aceitas são, na verdade, machistas?”

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Maurício Carvalho, 39 anos, apresentador de TV

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“Não dá para caracterizar uma atitude como machista, sem que ela esteja contextualizada”, diz Carla. “Um homem que dá passagem para uma mulher pode estar querendo ver a bunda dela ou tentando ser educado. É preciso ter outros elementos dessa cena para saber se foi um caso ou outro”, exemplifica.

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Por que mulher falar que um cara é gato é normal e homem falar o mesmo sobre uma garota é machismo?”

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Paulo Amaral, 46 anos, comentarista esportivo

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“Dizer, genericamente, que uma mulher é gata não é machismo. Agora, se uma mulher estiver passando na rua e o cara fizer esse tipo de comentário, ele vai provocar um constrangimento. E isso, sim, é machismo. O homem não deve achar que pode dizer o que quer a uma mulher”, explica Carla.

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“E a coisa funciona para as mulheres que fazem o mesmo. É sempre desrespeitoso, se o outro lado não der abertura ou intimidade para o elogio”.

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“Como um homem poder ajudar a causa feminista?”

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Leopoldo Santos , 24 anos, especialista em relações internacionais 

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“A primeira coisa que ele precisa fazer é escutar, sem rebater imediatamente, o que uma mulher diz ou as queixas dela. O homem só vai entender as causas feministas quando se colocar no lugar de uma mulher”, diz Barbara.

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“Como posso ensinar uma criança a não ser machista?”

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André Ruoco, 27, repórter

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“Ensine a criança a respeitar as mulheres que ela tem em casa. A mãe trabalha, lava a louça, namora, brinca e é também a pessoa mega inteligente, que toma decisões sobre o futuro daquele lar. Isso precisa ser valorizado”, diz Bárbara.

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A especialista garante que falar sobre respeito às mulheres desde cedo é a melhor forma de criar um adulto feminista.

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“Por que o feminismo, que prega a igualdade, não luta pela igualdade previdenciária? As mulheres se aposentam cinco anos antes e vivem em média sete anos a mais que os homens”

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Rogério Pitarelli, 33, funcionário público

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“Quando homens e mulheres assumirem as mesmas responsabilidades com filhos e casa e a ganharem o mesmo salário em funções iguais, não terá mais por que haver desigualdade previdenciária”, defende Carla.

 

 

 

 

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