Saiu no site DIÁRIO DE PERNAMBUCO:
Veja publicação original: ‘Sou linda, gostosa e polêmica’, diz Ângela Ro Ro com 67 anos e novo disco
Primeiro álbum de inéditas da artista em oito anos, Selvagem passeia pelo jazz, rock, baião e samba
Por: Cecília Emiliana
“Oi, meu amor! Espera só um minutinho, que eu engasguei aqui, preciso de um chazinho. Me liga de novo em cinco minutos?”. Ditas por telefone, as palavras carregadas de diminutivos e delicadezas pertencem a uma mulher de voz grave e robusta, cuja personalidade nunca primou pela candura: era Angela Ro Ro do outro lado da linha. Oito anos depois de Escândalo – seu último álbum de inéditas -, a cantora está de disco novo. Lançado pela Biscoito Fino, Selvagem já está disponível nas plataformas digitais.
O título do CD define com clareza a jovem de timbre rouco que estourou em 1979 com a canção Amor, meu grande amor, parceria com a compositora Ana Terra. Mas até que ponto “selvagem” ainda é adjetivo que faz jus ao perfil da senhora que, em 5 de dezembro, completará 68 anos? A inesperada meiguice com que inicialmente atendeu à reportagem seria indício de que a idade amansou a fera?
A resposta é não. Bastam cinco minutos de diálogo com Angela para perceber que, se ela tem um papel de senhorinha afável a desempenhar, ficou para a próxima encarnação. Trata-se de alguém que expressa com a fluidez e a imprevisibilidade do caos. A carioca, que inicia um tópico com “meu amor” pra cá, “querida” pra lá, três minutos depois já mudou o tom da conversa, podendo assumir a gravidade de um discurso inflamado ou a leveza de uma gargalhada gratuita. Nas composições 100% autorais de Selvagem, o jeitão desgovernado de Angela Ro Ro faz muito mais sentido. Blues, jazz, rock, xaxado, blues, samba e balada se misturam no trabalho, que se encerra com um baião. Os últimos versos de Parte com o capeta, canção que encerra o álbum são “Sai da frente/ eu não tenho freio!”, apropriados, sem dúvida, para sintetizar o clima da entrevista.
Entrevista Angela Ro Ro
Disco
Dessa vez não eu não convidei músicos pra tocar comigo. Selvagem é um trabalho só meu e do meu amigo, parceiro de trabalho de 30 anos, Ricardo Mac Cord. Ele fez o som de todos os instrumentos que aparecem nas canções no teclado, com suas mãos talentosas. Tinha certa urgência do disco. E depois, porque me apetecia essa coisa tecnológica de criar com um instrumento só. Claro, o Ricardo não é Jimmy Hendrix, mas é um músico foda.
Rebeldia
Cheguei na terceira idade, né? Posso dizer que sou uma senhorinha dócil (risos). Mas Selvagem ainda é o meu espírito, todo mundo sabe que eu sempre fui assim. O disco se chama Selvagem porque é isso que eu sou. Como diz a música: Sou selvagem e não adianta/ tentar me cortar a garganta”.
Cura Gay
É patético isso, né? Deveriam se preocupar em tornar o acompanhamento psicológico acessível a quem precisa, como usuários de drogas pesadas, por exemplo. Sinceramente, a gente precisa de tanta coisa. De ar sem poluição, faculdade, postos de saúde, delegacias decentes, polícia honesta, rodovias, ensino de qualidade. Acho que esse papo de cura gay veio para tentar distrair a gente, tirar o foco das coisas sérias e urgentes que precisamos discutir.
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