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Artesãs resgatam a natureza feminina em delicados acessórios de macramê inspirados na vulva
POR CAROLINA ITO
Fernanda Lima e Cintia Kita são amigas que se uniram num momento de crise. Fernanda estava passando por uma baita crise existencial, em 2014, depois de ter abandonado o emprego, então, começou a se aproximar de Cintia, que conhecia muitas técnicas de artesanato. A terapia entre amigas começou no tricô, mas, foi com o macramê que elas decidiram dar um passo a mais, criando a Makra.
“A Makra é uma marca de acessórios feitos à mão e um espaço de expressão do que sentimos dentro de nós”, explica Fernanda. O nome da marca vem do apelido carinhoso que deram para o macramê e também tem a ver com a palavra “chakras”, já que elas que elas acreditam na importância de equilibrar as energias internas. “Sempre que a gente consegue escapamos para o mato ou pra praia, precisamos desse equilíbrio de energias”, comenta Cintia.
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Esse ano, elas criaram uma coleção para resgatar a conexão da mulher com sua própria natureza, usando como referência um dos símbolos mais fortes e menos compreendidos da feminilidade: a vulva.
A genitália feminina é associada aos grandes tabus da sexualidade, como algo que deve ser controlado, escondido, vergonhoso. A mulher que não se aproxima da própria xoxota, por falta de conhecimento ou de autoestima, deixa de descobrir os prazeres que ela proporciona e de entender a fundo a sexualidade. Por isso a coleção Vulva parte da necessidade de aceitação e descoberta do próprio corpo. “Somos mulheres e percebemos que ainda temos uma série de travas e inseguranças, que se desdobram de múltiplas maneiras em nossos meios sociais”, observa Fernanda. Para Cintia, essas travas têm origem na desconexão com o próprio corpo: “A gente tem percebido que a distância de nós mesmas e esses tabus com nossos corpos são bastante graves”.
O estilo das peças é moderno, com uso de metais e pedrarias, e, ao mesmo tempo, tradicional, graças à junção das linhas do macramê. Para Fernanda, a soma dos saberes ancestrais aos modernos é a pegada do artesanato contemporâneo, onde nada é criado do zero. Os acessórios são vendidos pela internet e no Mercado Manual, que esse ano foi realizado nos dias 2 e 3 de setembro, no Museu da Casa Brasileira.
As mulheres ainda encontram muitas barreiras, tanto no meio social quanto dentro de si mesmas. Um primeiro passo para enfrentá-las é aceitar o próprio corpo e as experiências que ele carrega. E Fernanda dá a dica: “Quanto mais a gente se aceita, mais a gente se sente encaixada, inteira. Isso faz toda diferença!”.
Para mostrar o trabalho, a dupla conta um ensaio fotográfico com as peças, feito por Milena Seta. O resultado foi nada menos do que impactante e você confere abaixo.
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