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Site As Meninas (25/11/2015): Porque precisamos falar sobre isso.

Jo é assistente social. Há 4 anos, todos os dias ela sai de casa e vai trabalhar – voluntariamente – no seu escritório no CIC (Centro Integração e Cidadania), na zona leste de São Paulo. Jo nunca sofreu uma agressão em casa, mas dedica sua vida a uma causa: a da violência contra a mulher. Ela conta aqui como foi seu dia de ontem. Infelizmente, apenas mais um dia na vida de quem lida com essa triste realidade*.

“Ontem atendi 40 mulheres. Como faço ações sociais em diferentes CEUs (Centro Educacional Unificado) da cidade, mesmo que fique no Itaim Paulista, atendo mulheres que vêm de todos os lugares. Uma senhora, por exemplo, chegou lá apavorada porque o genro batia nela, na filha e na neta. Enquanto ela fazia a denúncia, o genro ligava sem parar ameaçando e dizendo ‘não adianta você fazer nada porque vai ser a próxima’. Ontem também fiz um relatório sobre uma moça de 20 anos que foi esfaqueada e perdeu líquido na medula, ficando tetraplégica. O agressor era o marido de 54 anos, com quem era casada há 3 anos”.

Impossível não se emocionar com estas histórias. E com a de Jo, que não revela o nome nem mostra o rosto porque é perseguida. “Estou com medidas protetivas de mil metros porque o companheiro de uma vítima foi à minha casa há 3 meses e ameaçou me matar”, conta.

Ela devota seus dias a ouvir estas mulheres por duas, três horas, e orientá-las sobre a Lei Maria da Penha, sobre como prestar a denúncia, sobre como interromper o sofrimento. “Grande parte das vítimas com quem converso fazem parte de um padrão: a mãe e a avó apanhavam, então elas acham que este é o normal, e não conseguem romper o ciclo”, explica ela, que fica com seu celular disponível 24 horas por dia.

Tendo em vista que o Brasil é o 5º país do mundo no número de feminicídios, infelizmente, não lhe falta trabalho. Sem contar que metade das denúncias feitas pelo telefone 180, hoje, não é de violência física e sexual, mas sim moral – humilhações, controle (não apenas financeiro, mas da cor do batom, do comprimento da saia, da postura da mulher em público) e ameaças. E, ainda assim, a cada 15 minutos uma mulher é espancada no Brasil.

 

*Hoje, 25 de novembro, é o dia internacional de combate à violência contra a mulher. E nós estivemos no debate promovido pelo movimento Bem Querer Mulher. Foi lá que ouvimos estas – e outras – histórias. Apoie a causa: divulgue o número 180 para denúncias, participe dos debates e ajude a instituição a remunerar as agentes, como Jo, que prestam auxílio  às vítimas desta agressão.

Fonte original da matéria: http://www.leiaasmeninas.com.br/pri-portugal/porque-precisamos-falar-sobre-isso/

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