Saiu no site FINANÇAS FEMININAS:
Veja publicação original: Ser mãe: 50% das mães brasileiras desistiram de metas de carreira, diz estudo
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Por Ana Paula de Araujo
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Em um mundo ideal, ser mãe não prejudicaria em nada a carreira das mulheres. Chefes seriam compreensivos, pais dividiriam as tarefas e a família ajudaria sempre que necessário. No entanto, não é o que acontece na prática. Talvez isso explique o resultado de uma pesquisa que apontou o seguinte: no Brasil, 50% das mães afirmam ter deixado de lado algumas metas e ambições depois da maternidade. A perspectiva de recolocação no mercado de trabalho é ainda pior para as mães com mais de dois filhos.
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Os dados tristes, porém nada surpreendentes, são do Instituto Market Analysis que, em parceria com a rede WIN, entrevistou 4.933 mulheres do Brasil e de outros oito países da América Latina.
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O levantamento revela como a maternidade pode ser agridoce para a mulher latino-americana que, ao mesmo tempo que acredita que ser mãe é a maior experiência da vida – resposta dada por cerca de 80% das entrevistadas –, também sente na pele como ela é um agente dificultador para que sua carreira se desenvolva.
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Esse estudo apenas mostra como as mulheres percebem, sim, todos os efeitos que a maternidade causa em suas carreiras. Há diversos outros que já deixaram claro como o mercado de trabalho pune a mãe trabalhadora. Um deles, realizado na Universidade de Princeton, concluiu que a diferença salarial entre homens e mulheres é, basicamente, uma penalização por termos filhos. Outro, conduzido pela Catho, apontou que 28% das mulheres deixam mercado de trabalho após maternidade.
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Citando a jornalista Camila Maccari, da revista Donna (RBS): “A ideia de que a maternidade não precisa afetar a carreira pode ser realidade para um número muito pequeno e privilegiado de mulheres.” Às que não estão nessa parcela, resta se desdobrarem como podem para darem conta de tanta demanda.
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Maternidade e carreira: culpa e mudanças de prioridades
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Com filhos para criar, o foco das mães acaba mudando. De acordo com a pesquisa, suas prioridades para os próximos dois anos são, em primeiro lugar, segurança material (36%) e só depois a profissionalização (33%). Os números se invertem entre mulheres sem filhos: a vida profissional passa a ser o foco de 49% delas, enquanto a segurança material fica com apenas 21% das respostas.
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Temos, aqui, um paradoxo. Sem poderem se dedicar à carreira, alcançar a segurança material se torna mais difícil para as mães. “Para aliar as duas coisas, muitas mulheres com filhos desejam empreender. Assim elas poderão administrar melhor o tempo e conciliar a dedicação familiar com investimento na carreira. Ter um negócio próprio pode ser um bom caminho para administrar este aspecto de interesse”, comenta Sonia Garcia, especialista em Recursos Humanos.
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A solução apontada por Garcia se reflete nos desejos das mães, que demonstram três vezes mais interesse em investir no negócio próprio do que as mulheres sem filhos – 21% e 8%, respectivamente.
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Outra velha conhecida das mães, a culpa também deu as caras no levantamento. Os pesquisadores perguntaram às mulheres com filhos se elas concordam com a afirmação de que são boas mães. Enquanto 47% das que não trabalham fora de casa concordam, apenas 27% das inseridas no mercado de trabalho deram resposta positiva.
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“A culpa existe quando ficamos presas no que deveria ou poderia ter acontecido”, resume Bárbara Hannelore, palestrante, especialista em desenvolvimento pessoal, co-autora do livro Empreendimento de Mulher e colunista do Finanças Femininas.
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Para ela, lidar com esse sentimento é uma questão de viver e aceitar o momento presente. “Fazendo isso você consegue inspiração para traçar novos planos e metas para os seus desejos como mãe, ou como profissional, e até mesmo alinhando essas áreas da vida, além de criar novas possibilidades. A culpa significa que você está presa em algum lugar, de onde é difícil encontrar clareza para mudar o que é preciso”, finaliza.
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Fotos: Fotolia
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