Entre um emaranhado de questões internas expostas ao momento sociopolítico atual, surge o Manifesto da Ruína, que questiona a “privatização” do corpo feminino; o capitalismo que acelera o tempo; e as padronizações coletivas. Precedente ao lançamento do primeiro álbum da banda paulistana In Venus, o manifesto nos dá um panorama de sua nova sonoridade.A banda composta por Cint Ferreira (voz e teclados), Patricia Saltara (baixo), Camila Ribeiro (bateria) e Rodrigo Lima (guitarra), a In Venus desponta em um momento prolífico da atual cena grrrl paulistana, que inclui grupos como Charlotte Matou um Cara.O álbum Ruína, lançado na última sexta-feira (26/05) no Estúdio Aurora, apresenta a colisão dessa estrutura dual “privado x coletivo” / “individual x público”, e de um mix de estilos musicais, como no wave e o shoegaze, dos aos 90. O sintetizador  acrescentado entre os instrumentos gera um caos sonoro e experimental que, somado ao vocal ecoante de Cint, transborda a urgência da renovação, mostrando o melhor do post punk grrrl. É um disco trilha sonora para a destruição necessária a atualização de perspectivas.

“Como banda, em 2016 passamos por um processo interno de ruína, ao mesmo tempo em que testemunhamos destruições externas”, revela Cint. “Isso nos afetou num nível que tivemos de rever o que já havíamos criado e acabamos optando por partir do zero, refazendo tudo, para chegar ao que estamos lançando agora”, acrescenta a cantora e também autora das nove faixas do álbum de estreia do quarteto lançado pelos selos PWR Records (PE), Efusiva (RJ), Hernia de Discos (SP) e Howlin’ Records.

As letras, escritas em inglês e português, tratam de temas conhecidos as mulheres como casos de abuso, assédio e outras dificuldades. A música de abertura “Youth Generation”, liberada uma semana antes do lançamento, chega de forma visceral com suas microfonias e ambientações.

Destaque para músicas “Mother Nature”, primeiro single divulgado pela banda e que vem com uma melodia ecoada, e  “Cotidiano”, de final barulhento e sombrio. De acordo com Cint, “a faixa ‘Mother Nature’ remonta nossa relação com o feminino, com a natureza (grande mãe) e as sensações de bem estar que esse ambiente pode trazer”, explica. A linha de baixo foi a única de todo o álbum não reproduzida por Lippaus, e sim pela baixista Priscila Lopes.  Já na letra de “Cotidiano”, Cint questiona o machismo e a cumplicidade masculina como sua principal ferramenta de manutenção.

O último grito é dado em “Inverno da Alma”, a mais direta do álbum e que serve de trilha sonora para a violência, incluindo em sua fase final um poema sobre o tempo e suas prisões, escrito também por Cint. Escute o CD completo abaixo.

Ficha Técnica

Todas as faixas gravadas, mixadas e masterizadas por Billy Comodoro no estúdio Aurora entre fevereiro e maio de 2017, exceto a faixa “Mother Nature”, gravada em outubro de 2016.
Produção musical: Lucas Lippaus
Todas as composições por In Venus

Banda:
Cint Ferreira – Vozes e teclados
Camila Ribeiro – Baterias
Rodrigo Lima – Guitarras
Lucas Lippaus – Baixos, exceto na faixa “Mother Nature”
Priscila Lopes – baixo em “Mother Nature”
Participação especial: Dinho Lacerda – Surdos na faixa “Go”

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