Saiu no site UNIVERSA
Veja publicação no site original: Robôs femininas sofrem com ofensas machistas, cantadas e até pedido de nude
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Por Marcos Candido
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O ano é 2020. Os seres humanos ainda não pilotam carros voadores, mas já temos um novo lançamento da sociedade patriarcal: o machismo contra robôs. É o chamado “assédio cibernético”. Sim, é verdade. O problema já é tão substancial que até a Organização das Nações Unidas entrou na luta para combatê-lo.
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Se você ainda não notou, nós temos uma dezena de robôs à disposição.
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No dia a dia, assistentes virtuais realizam tarefas domésticas e virtuais, como a Alexa, da Amazon, ou a Siri, criada pela Apple. Também existem bancos que usam inteligência artificial para agilizar o atendimento. Grandes empresas, como a Magazine Luiza e Natura, desenvolveram avatares virtuais para auxiliar nas compras e humanizar o atendimento.
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O que têm em comum? São robôs femininas. Por isso, são atacadas com comentários machistas, ordens misóginas e preconceito similar ao sofrido por mulheres de carne. Apesar disso, elas não são programadas para responder à altura.
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Quando se ordena à Alexa para buscar uma cerveja, por exemplo, ela não manda o usuário levantar e pegar. Ao contrário, a voz lamenta. “Isso não é algo que eu possa fazer”, responde. Se fosse uma pessoa de carne e osso, provavelmente daria uma resposta menos educada.
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Já a Lu, do Magazine Luiza, assistente digital criada para auxiliar em compras, gravou um vídeo para rebater às dezenas de pedidos de namoro. Não é incomum que ela receba comentários ainda menos lisonjeiros no Twitter e Facebook. Muitos deles desejam vê-la nua. Na rede, usuários compartilham dezenas de vídeos com insultos contra as inteligências artificiais.
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Por que elas não dão respostas mais duras?
Segundo a Unesco, as respostas a essas provocações são tolerantes, subservientes e passivas. Para revertê-las, a instituição criou um banco de dados onde mulheres de verdade podem gravar e sugerir respostas mais adequadas às demandas. As sugestões da campanha “Hey, Update My Voice” (ou “Ei, Atualize Minha Voz”) serão encaminhadas às fabricantes.
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“Se alguém falar ‘Quero fazer sexo com você’, a Alexa ou outra inteligência artificial poderia responder: ‘Não fale desse jeito! Eu sou virtual, mas assédio é um crime real. Você sabia que 73% das mulheres do todo mundo já sofreram algum assédio online?'”, sugere Inaiara Florência, diretora da agência criadora da campanha.
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A escolha por vozes femininas se baseia em pesquisas internas das companhias, na qual voz feminina é eleita por usuários como mais amigável e confiável.
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“Um questionamento é: por que para resolver tarefas domésticas, elas têm nome e voz de mulheres, e para assuntos de tecnologia tem nome e voz de homem, como o Watson, da IBM?”, diz Florência.
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Ausência de homens
A redatora de design Thaís Lisboa é uma das criadoras da Isa.bot, robô que auxilia mulheres que foram vítimas de violência. A CosmoBots, empresa na qual trabalha e que desenvolveu a inteligência artificial, cria robôs recebem de nudes a mensagens ofensivas.
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Para buscar melhorar o cenário, Thais programou um emoji com olhinhos virados, em sinal de desaprovação. Para ela, a condescendência de outros robôs tem motivo: a ausência de mulheres no bastidor.
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Múltiplos estudos apontam a ausência feminina no campo da programação, do desenvolvimento de produtos e da liderança de empresas de tecnologia. O Fórum Econômico Mundial estima que apenas 20% dos cargos do setor são ocupados por mulheres.
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“Se tivessem mulheres liderando as grandes companhias de comunicação, pode ter certeza que não responderiam com uma brincadeirinha. Infelizmente, o comando é dos homens”, diz.
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