Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:
Veja publicação original: Reatamos o namoro, mas ele quer saber com quem fiquei nesse intervalo
Meninas, o e-mail de hoje vem carregado de armadilhas.
“João, voltei a ficar com meu namorado depois um ano separados. Até aí, tudo ótimo. Somos apaixonados e eu realmente fiquei muito feliz de a gente se reaproximar e decidir encarar juntos as diferenças que nos afastaram. Ele é um sujeito doce, o cara que amo e com quem quero viver pra sempre. Mas de uns tempos pra cá, eu percebo nele um ciúme, uma desconfiança esquisita que vem crescendo.
Ele fica meio azedo quando algum cara que ele não conhece me cumprimenta numa festa. Depois, ele fica enrolando, mas no fim quer tentar arrancar de onde conheço o fulano. Em algumas ocasiões, ele já chegou a perguntar se eu tinha ficado com alguém específico, enfim…
Eu estou tentando evitar isso ao máximo. Tive, obviamente, o cuidado e o respeito de nunca ter ficado com alguém próximo a ele ou remotamente próximo quando estive solteira. E espero de verdade que ele tenha tido o mesmo cuidado comigo. Mas o ponto é que não acredito que interesse ou seja bom pra nenhum de nós ficar sabendo o que cada um fez nesse tempo distantes. Como você acha que abordo o assunto?”
A BOA E A MÁ NOTÍCIA
Ah, moças, a neuras que a gente carrega. A resposta pra pergunta acima é fácil e difícil num só suspiro.
É fácil porque a resposta é: vocês não ganham nada mesmo querendo saber o que o outro fez quando o outro era só um outro e não namorado/a.
Os tempos solteiros pertencem aos tempos solteiros, moças. E acho que, na essência, o único cuidado recomendável e amoroso que se pode fazer quando a gente separa é esse que a leitora acima fez: preservar os mundinhos diferentes. Separar esse mundinhos. Ou seja, não ficar gratuitamente com pessoas que se relacionem com o mundo do ex. Porque isso é cruel. Às vezes acontece, mas se der pra evitar, evite…
A regra essencial numa separação é fugir da crueldade.
De resto, cada um faz o que quer.
Mas a resposta pra pergunta aí do cabeçalho é difícil também, porque envolve as nossas maluquices e inseguranças interiores.
Essencialmente, quando um dos lados desenvolve essa curiosidade dolorida, quando um dos lados quer saber o que o outro fez ou deixou de fazer nos tempos solteiros, quase nenhuma resposta vai solucionar essa curiosidade. Percebem? Não haverá resposta certa.
Porque, em essência, essa curiosidade não é uma curiosidade, mas um problema interior. E homens adoram desviar as questões interiores pra desembocar em problema diferentes. No fundo, há muito de machismo nisso, como se o outro (você) fosse uma propriedade.
Há também um aspecto masculino curioso (pedindo o perdão e a ressalva pela generalização): homens costumam ficar muito mais cabreiros diante dos seus casinhos, do sexo casual, do que se, de fato, ele souber que você se apaixonou por outro. O que ferra a mente masculina (em geral, generalizando) é a consciência de que você é capaz de aprontar as mesmas confusões sensuais que ele.
Portanto, falar de passado é sempre um território pra borrar o futuro. Não caiam nessa.
O QUE FUNCIONA?
Moças, temos dentro de nós um diabinho com fome de dor. É um grilo falante e crudelíssimo, que ama arranhar na gente com aquelas coisas que mais machucam. Quando um namorado (e homens fazem muito isso) começa a mergulhar nessa área de curiosidades, é um caminho quase sem volta. Ele vai querer saber sempre mais e mais. E nenhuma resposta possível deixará ele satisfeito. Se você disser que nada fez, ele desconfiará. Se você disser o que fez, ele achará que você mente e que foi muito mais…
É um padrão Tostines.
A solução é cortar esse tipo de assunto pela raiz e bem no começo.
Não digo que o ideal seja criar uma zona proibida, um tabu, mas esta não é uma situação ideal. Justo o contrário: esvazie essa curiosidade dele praticando o corte amoroso mas direto. Converse rapidamente e sem rodeios; dê a real da coisa: é melhor não saber e, melhor ainda, entender que nem tudo a gente precisa saber. Que diferença fará saber disso e daquilo?
Sério. Pensem nisso.
Que diferença faz saber disso ou daquilo?
…
Nessas horas, vale uma conversa real: diga a ele que a base do que vocês vivem é o agora e o pra frente; que olhar pra trás não é uma questão de algo a esconder, mas uma questão de coisas que foram e não são mais, que não importam mais. Que você não precisa saber aquilo que não te diz respeito e vice-versa.
Pode ser duro, ele pode desconfiar, ele vai desconfiar; mas, nesses casos, quanto mais doce e direta você for, menos carne você dará pra esse medonho, imbecil e estúpido diabinho que fala aos ouvidos masculinos.
Quando um homem começa a querer cavar seu passado, (não) fale com ele.
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