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Foi dia 28 de maio, há quase um mês, quando na Bahia o produtor cultural e compositor de cantigas de axé, Ronald Assis, denunciou à Polícia Crime civil de racismo religioso que sofreu de um homem enquanto passava por uma rua no bairro do Uruguai, em Salvador.
“Meu filho de santo, que tem 23 anos, estava na frente e eu com minha tia, de 56 anos, atrás, acompanhando os passos dela”, contou Ronald, que é babalorixá.
No dia seguinte, Kaio Souza, de 33 anos, foi vítima de uma abordagem violenta da PM em São Paulo. “Foi racismo mesmo”, disse em relação ao acontecido. Nas imagens que circulam pelas redes sociais, um policial aparece xingando Kaio de ” lixo “,” negão “e conferindo um soco em seu rosto. Kaio foi ao chão depois da agressão.
E não para por aqui: na mesma noite, uma professora foi presa em flagrante na Zona Norte do Rio, por proferir ofensas raciais em um bar a três mulheres. Em 4 de junho, um homem em Campinas (SP), atacou pedras e dirigiu ofensas na sexta-feira a uma mulher e uma bebê de 1 ano que brincavam em uma área de lazer de um condomínio fechado. Ele chegou a dizer que não colocou “essa m **** dessa criança no mundo” .
No dia 10, um gerente de um bar no Rio foi à Polícia registrador crime de injúria contra clientes; também na data, uma modelo negra denuncia nas redes sociais um contratante, após receber um áudio para seleção em uma agência, oportuno de trabalho. Dele, “Você entende minha pergunta? É porque não dá para colocar chapéu nem boné”.
Quem ajuda a quantificar os casos através de notícias e relatos é a Rede de Observatório de Segurança Pública , que lista outros casos de racismo até os dados presentes – e contando.
Um deles é o instrutor de surfe Matheus Ribeiro, morador do conjunto de favelas da Maré, que foi abordado por Mariana Spinelli e Tomás Oliveira, dois jovens brancos, no Leblon, Rio de Janeiro, acusando-o de furto de uma bicicleta elétrica. A jovem em questão sofrida a sua roubada naquela tarde.
O crime causou revolta na internet. A bicicleta em si foi apreendida pela Polícia, em tempo e espaço recorde, sob cuidados de Igor Pinheiro, mais conhecido como Lorão. O rapaz tem 22 anos, mora em Botafogo e tem 28 passagens pela Polícia e sete prisões. Igor é branco, e possivelmente passaria despercebido pelo casal inquisitório, fruto de uma tática miliciana, pelas palavras de Elio Gaspari, em “O Globo”.