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Quem tem medo de mulher empoderada?

Saiu no site Diário de uma Feminista: 

Mulheres empoderadas, decididas, livres, leves, soltas! Mulheres que tomam as decisões sobre a própria vida sem se deixarem intimidar ou limitar pelas expectativas alheias. Mulheres agressivas, duras e diretas. Mulheres subversivas, ativas, fortes. Mulheres belas, desbocadas, do bar. Mulheres que se amam. Mulheres que se acham (e são) bonitas independente dos padrões. Mulheres que lutam. São essas as mulheres que o patriarcado teme. Que os machos temem. Que muitas mulheres, infelizmente, temem.

O patriarcado espera de nós abnegação, subserviência, submissão e docilidade. Espera que sejamos belas, recatadas e do lar. Nos limitam aos espaços domésticos, a inexpressividade do ser. A recusa calada. A dor sufocada. O grito calado. A revolta controlada. A censura internalizada. A violência aceita e romantizada.

O patriarcado não quer que nós mulheres sejamos livres. Ele prende-nos em suas prisões. Prisões do corpo. Prisões dos sentimentos. Prisões da mente. Prisões da alma. Somos socializadas para sermos meras bonecas e apêndices masculinos. Nossa vida é construída ao redor da vontade do macho. Do poder do macho. Quando uma mulher se empodera, quando uma mulher toma o poder sobre si mesma e começa a pautar a própria vida buscando sua realização plena enquanto uma mulher-ser-humano e não uma mulher-sub-humana, o patriarcado pira e gira. Os machos choram. Muitas mulheres se chocam. E os ET’s refletem sobre a minha sonhada abdução.

É por isso que feministas são odiadas. Pois mulheres que infringem a ordem masculina são temidas. Os machos sentem medo de mulheres empoderadas porque elas formam um grupo contra-hegemônico que pode balancear as relações de poder que os beneficiam. As relações de poder que fazem com que as mulheres sejam sujeitadas, subordinadas, reprimidas, humilhadas, estupradas, assassinadas, espancadas… por machos na sociedade patriarcal.

Uma mulher empoderada pode sim ser heterossexual, gostar de homens, se relacionar com homens, amar homens. Contudo, ela sabe que o amor próprio, que o amor por si mesma, vem em primeiro lugar. Esse amor não a torna egoísta, mas quase filantropa, afinal, como realmente amar os outros sem antes amar à si mesma? É praticando o amor próprio que o amor à humanidade, à vida, à uma pessoa em especial é plenamente vivido.

Uma mulher empoderada sabe que as decisões sobre a sua vida cabem a si própria. Ela pode sim precisar da ajuda de outras pessoas, pedir opiniões e conselhos, mas, no fim, com raras exceções, ela fará aquilo que acha certo, não o que os outros esperam que ela faça. Ela se veste como gosta, ela bebe se quiser, porque não tem essa de ”é feio ver mulher bebendo”, ela sabe que quem está incomodado pode muito bem fechar os olhos, sair de perto dela ou morrer. Ela transa se ela quiser. E ela não transa se ela não quiser transar. Ela sabe que a liberdade sexual dela consiste tanto no direito de dizer sim, como no direito de dizer não. Ela não abaixa a cabeça fácil, ela luta, ela grita, ela xinga. Ela revida, porque ela sabe como é difícil ser mulher, mas como é mais difícil ainda não ser a mulher que se é.

Os machos têm medo de mulher empoderada, esse medo é figurado nos discursos de ódio, expressões da misoginia, que eles reproduzem contra as mulheres feministas. Até entendo (mentira) os machos. Analisemos. Você é um macho que foi criado achando que ”mulher é inferior ao homem”, que ”homem pode tudo, mulher pode muito pouco”, que ”homem é o sexo forte”, que ”a mulher tem que ser frágil, submissa e delicada”. Certo dia você tenta aplicar isso na vida de uma mulher, tentando controlá-la, mas você não sabia que ela era feminista e, então, recebe como resposta um sincero “vai se foder” para sua tentativa de repressão. É claro que a sua masculinidade seria abalada! Como assim a mulher não permitiu você, o majestoso mascu do rolê, regular a vida dela? Absurdo!

Infelizmente mulheres ponderadas também têm medo de mulheres empoderadas. Isso faz parte do grau de internalização do machismo por parte da socialização que tiveram, da cultura da rivalidade feminina, assim como também por alienação social. Aprendemos, por um lado, que devemos ser submissas, recatadas, subordinadas, por outro, que nós mulheres somos todas rivais, que vivemos fazendo disputas entre nós, que não podemos ser amigas verdadeiras. Dessa forma, quando uma mulher se sobressai por ser insubmissa, muitas a veem de forma negativa, achando que aquela mulher ”quer tomar o seu lugar”, “quer aparecer”, “quer ser melhor que ela” ou, ainda, que aquela mulher ”não presta”, ”não tem valor”, ”não se dá ao respeito”, porque ela não age de forma regulada como elas.

Independente das pedras e das mordaças no nosso caminho, nós temos o direito ao grito. Então, gritemos! Gritemos contra o patriarcado. Gritemos contra quem ousa nos censurar, nos limitar, nos coagir, nos diminuir, nos violar, nos matar… Nos impedir de sermos o que somos.

Lizandra Souza.

 

Publicação Original: Quem tem medo de mulher empoderada

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