Saiu no site do G1.
Veja a Publicação original.
Quase metade das mulheres já sofreu algum assédio sexual no trabalho, segundo pesquisa do LinkedIn e da consultoria de inovação social Think Eva, que ouviu 414 profissionais em todo o país, de forma online. Entre elas, 15% pediram demissão do trabalho após o assédio. E apenas 5% delas recorrem ao RH das empresas para reportar o caso.
De acordo com o levantamento, a maioria das entrevistadas que já sofreram alguma forma de assédio sexual no ambiente de trabalho são mulheres negras (52%) e que recebem entre dois e seis salários mínimos (49%). Além disso, o Norte (63%) e Centro-Oeste (55%) têm uma concentração de relatos superior às demais regiões.
A pesquisa mostra ainda que, mesmo entre as mulheres que ocupam posições hierárquicas mais altas, o assédio não deixa de ser uma realidade. Entre as entrevistadas que declararam desempenhar a função de gerente, 60% afirmaram terem sido vítimas de assédio. No caso de diretoras, o número chegou a 55%.
Mais de 95% das entrevistadas afirmam saber o que é assédio sexual no trabalho, mas pouco mais de 51% falam com frequência sobre o tema. Quanto maior o rendimento, maior a frequência com que as discussões acontecem. Veja abaixo:
- 47%: até 2 salários mínimos
- 54%: de 2 a 6 salários mínimos
- 60%: 6 a mais de 8 salários mínimos
Entre as mulheres que mais falam sobre assédio, a maioria é de mulheres pretas ou pardas, ocupa cargos de gerência e tem acima de 55 anos:
- 68% das mulheres declararam ocupar posições de gerência
- 67% das mulheres têm acima de 55 anos
- 57% das profissionais desempenham funções em nível pleno ou sênior
- 54% das mulheres são pardas e pretas
Impunidade e medo desencorajam denúncia
Apenas 5% das mulheres recorrem ao departamento de RH das empresas para reportar um caso. O baixo índice de queixas está associado ao senso de impunidade, ineficiência de políticas internas e ao medo, além do sentimento de culpa pelo assédio sofrido.
A sensação de impotência faz com que o silêncio e a solidão sejam os resultados mais recorrentes. Metade delas prefere dividir o ocorrido apenas com pessoas próximas e 15% optam pela demissão:
- 50%: contei para pessoas próximas
- 33%: não fiz nada
- 15%: pedi demissão
- 14%: outros
- 8%: recorri a sistemas de denúncia anônimos da minha empresa
- 5%: recorri ao RH
- 4%: recorri a grupos de apoio de minha empresa
- 3%: recorri a grupos de apoio de fora da minha empresa
Apenas 15% das participantes que presenciaram uma situação de violência afirmaram ter auxiliado diretamente a vítima. Outras 10% não fizeram nada e apenas 4,3% disseram ter avisado o departamento de Recursos Humanos.
As participantes relataram que a maior barreira para a denúncia é a impunidade: 78,4% delas acreditam que nada de fato acontecerá caso denunciem o crime dentro das corporações em que trabalham.
Além disso, 64% afirmam que há um ciclo de descaso e que as pessoas diminuem os casos de assédio sexual. Com um percentual exatamente igual, outro fator que faz com que as mulheres evitem denunciar é o medo de serem expostas.