Saiu no site Revista Voto.
Veja a publicação original: Promotora cria ferramenta para auxiliar mulheres vítimas de violência durante período de distanciamento social
“Sim, o coronavírus mata, mas o feminicídio mata 12 mulheres por dia no Brasil”. A frase, dita pela promotora de justiça e idealizadora do projeto Justiça de Saias, Gabriela Manssur, apresenta um panorama preocupante da violência contra a mulher no Brasil. Gabriela, com anos de experiência no combate a crimes como o feminicídio, ainda faz um alerta: o isolamento social está aumentando o número de casos de violência praticados dentro de casa. A análise foi feita durante entrevista exclusiva para a Revista VOTO com a CEO Karim Miskulin.
A violência contra mulher não é novidade na cultura brasileira. Pelo contrário. Segundo Gabriela, a cultura machista que domina o país faz com que muitos dos casos fiquem sem denúncia, agravando o problema. Para combater essa chaga social, a promotora idealizou o projeto Justiceiras. A proposta é simples: a mulher vítima de violência doméstica envia uma mensagem no aplicativo WhatsApp para o telefone (11) 99639.1212. A partir daí, a vítima recebe um link com instruções sobre como realizar a denúncia e é encaminhada para apoio de uma rede de psicólogas e assistentes sociais voluntárias. O atendimento é gratuito, instantâneo, e está disponível no Brasil inteiro.
Através da ferramenta, em apenas duas semanas, o grupo já atendeu cerca de 150 mulheres vítimas de violência. Segundo Gabriela, o motivo das agressões variam. “A maior parte dos casos está concentrado entre Rio de Janeiro e São Paulo, e os motivos relatados variam entre guarda parental, abuso de álcool e outras drogas, além da permanência por tempo estendido em casa”, relata.
Isolamento Social
Para a promotora de justiça, o distanciamento social é necessário, mas precisa ser feito com cautela e atenção. “Acho que precisamos ficar em casa, mas é preciso atentar para classes menos favorecidas. Nem todas as crianças têm computador para ter aulas à distância, nem todo profissional liberal tem condições de não trabalhar, e se espera que os casos de violência contra a mulher aumentem ainda mais”, observa.
Ela aponta, também, que a prática de abordar e prender pessoas que não respeitam as indicações de distânciamento é ilegal. “Sair na rua não é crime. Não existe, ainda, lei que proíba isso. Dessa forma, o que alguns estados estão fazendo é um atentado ao direito de ir e vir do cidadão”, ressaltou.