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Ricardo Falco, amigo de Robinho, quebrou o silêncio e fez revelações sobre sua condenação a nove anos por violência sexual em grupo contra uma albanesa, em uma boate de Milão, na Itália, em 2013.
O que ele disse
“Me arrependo de não falar toda a verdade e tudo o que eu vi, de ter ficado do lado do Robinho. Eu menti. Agora vou dizer toda verdade, eu precisava colocar tudo para fora, falar tudo. Quero que acabe isso, faz cinco anos que minha vida é um pesadelo, é um fantasma em cima de mim. Quero me entregar, passar o que tem que passar, voltar minha vida do zero e ser a pessoa que sempre fui”.Ricardo Falco, em entrevista ao Domingo Espetacular
O que mais ele disse
Janeiro de 2013. “A menina chegou na mesa. Ela queria ir antes, mas a esposa do Robinho estava lá. Ela estava na intenção do Robinho. A esposa foi embora e ela ficou na mesa, um dos nossos amigos fico com ela e foram para a chapelaria. O Robinho entrou e todos foram atrás. Quando eu entrei e vi o que estava acontecendo, não fiquei abismado porque a pessoa não estava jogada no chão. O Robinho até saiu antes, ela saiu e ficou chorando no canto. Ela mesmo estava na mesa e se serviu. O Robinho tinha pagado a mesa, uma bebida. Tudo não durou nem 10 minutos, te garanto. Seis homens estavam lá dentro, mas não foram todos que tiveram relação, só dois. Outros dois tiveram relação oral. Eu e mais um não tivemos contato com a vítima. Foi uma orgia”.
Por que na chapelaria? “Não sei porque aconteceu lá, um dos rapazes estava com ela e levou ela para lá. Ela foi embora comigo, chorava e dizia que não podia ter acontecido aquilo. Ela chorava porque bateu o arrependimento, ela não foi estuprada. Ela não foi nem para delegacia. Cada pessoa pensa de um jeito, eu penso diferente. Se ela não alegar que ela foi embriagada ou drogada, não tem como fazer denúncia de abuso. Toda hora e a cada minuto ela teve o direito de dizer não”.
Combinar depoimentos. “Admito isso, eu quis limpar a barra dele (Robinho), não foi nem para mim porque não fiz nada. O único depoimento que dei foi como testemunha. Se tivesse câmera de segurança ele estava lascado, ia pegar as imagens e ia provar que teve relação. Na verdade, para mim, seria até bom que tivesse câmera, ia aparecer que eu não fiz nada. Eu combinei depoimento pensamento nele, para ser fiel à amizade”.
Crime. “O problema é o seguinte: não cometemos crime. Ele (Robinho) foi lá no depoimento e foi sincero, falou que teve relação. Eu não tive, o que ele fala não me interessa, o que importa para mim é o que a vítima fala, eu nem encostei na menina. Sabia que tinha um vestido. Eu me preocupei mais por ele. Afirmo que não estuprei, afirmo com tudo o que for possível. Isso aí foi um choque para mim, a própria vítima disse que estava algo errado, porque não teve relação comigo. Quando saiu o exame, constatou (meu sêmen), mas só eu fiz o exame. Eu estou em paz, o negócio do exame a própria justiça pode ter forjado. A própria menina alega que o esperma é de outro fulano”.
Confiança de Robinho. “O Jairo era motorista dele (Robinho). Eu nunca trabalhei para ele e nunca fui funcionário. Eu era amigo dele de dia a dia, eu ia no treino do Milan, ia na casa dele almoçar com a família dele. Eu achava que ele era um cara bacana, sentia que ele confiava em mim a ponto de levar meus amigos e dar um cartão para gastarmos a noite”.
Decepção. “O dia em que leram o depoimento dele para mim, a hora que ele falou que foi eu que armei tudo isso e estava de esquema com a vítima para tomar o dinheiro dele. Sinto que fui traído. Pretendo dizer para ele que me senti um homem traído, ele nunca me ligou para ver se estava tudo bem. Ele tentou desviar o foco e jogou o foco para mim. Eu já classifiquei ele como um cara traíra, mas, analisando friamente, eu analiso ele como um cara desesperado”.
O que falaria para a vítima? “Se ela tivesse aqui, eu tenho certeza que ela falaria para mim que eu não tenho culpa do que estou passando. Ela sabe que eu nunca fiz nada para ela, ela seria a primeira a falar. Tenho certeza absoluta. Eu nunca fui acusado pela vítima, eu era testemunha do caso e ela sempre fala, em todas as partes do processo, que não tive relação com ela”.
Cadeia. “Vou chegar lá, tirar a cadeia de boa, estudar… estou pronto para isso, me preparei”.
Os 4 envolvidos livres
Apenas Robinho e Falco foram condenados pelo caso de violência sexual. Os outros quatro envolvidos estão livres.
Rudney Gomes, Clayton Santos, Alexsandro da Silva e Fabio Galan não foram presos ou julgados.
O quarteto deixou o país durante as investigações. Eles foram denunciados, mas não chegaram a ser julgados pelas leis italianas e não foram notificados para a audiência preliminar, que aconteceu em 2016.