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Veja publicação original: Preconceito com menstruação ameaça trabalho e saúde de mulheres na Índia
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Medicamentos perigosos e cirurgia para remoção do útero estão entre os riscos a que indianas são expostas
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O filme Absorvendo o Tabu, que ganhou o Oscar de Melhor Documentário Curta-Metragem neste ano, mostrou como mulheres indianas lutam para superar preconceitos ligados à menstruação. Por lá, são muitas as mulheres – jovens e adultas – que sequer têm acesso a absorventes. Várias deixam de estudar e trabalhar por causa de um simples processo biológico de seus corpos.
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Uma reportagem da BBC publicada nesta segunda-feira (8) traz mais detalhes dessa dura realidade. Segundo o jornal britânico, em um estado do oeste da Índia, centenas de mulheres estão passando por cirurgia para retirar o útero. O motivo? Conseguir trabalho na colheita de cana-de-açúcar.
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A região é uma espécie de “cinturão da cana” no país, e todo ano há um fluxo grande de pessoas que migram para lá. Mas as mulheres são preteridas dos postos de trabalho simplesmente porque menstruam.
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Não bastassem as condições precárias, elas ainda sofrem preconceito porque, segundo os patrões, podem faltar um ou dois dias por mês devido à menstruação. De acordo com a BBC, as pessoas dormem em tendas próximas aos campos de colheita, e não têm acesso a banheiros.
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Muitas mulheres acabam tendo problemas de saúde íntima, como infecções, e são estimuladas a remover o útero – na maior parte das vezes, sem necessidade. À BCC, algumas relataram que, após a cirurgia, passaram a sentir dores constantes nas costas, no pescoço e nos joelhos; além de tontura e dificuldade de locomoção. Várias deixam de trabalhar.
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O ministro da saúde indiano, Eknath Shinde, disse que 4.605 histerectomias (remoção do útero) foram feitas nos últimos três anos só na cidade de Beed, localizada na região da cana. Segundo o ministro, o governo montou um comitê para analisar os casos.
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Remédios duvidosos
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Indianas que trabalham em uma empresa bilionária do setor de vestuário no sul do país relataram que, quando estão com cólica, os patrões dão remédios de procedência duvidosa para elas.
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Um relatório da Fundação Thomson Reuters, que entrevistou cem funcionárias da empresa, aponta que os medicamentos não são indicados por profissionais de saúde. Muitas afirmam que não são informadas sobre a indicação dos remédios ou possíveis efeitos colaterais.
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As funcionárias culpam as drogas por problemas como infecção urinária, miomas (espécie de tumor benigno no útero), abortos e até mesmo ansiedade e depressão.
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Segundo a BBC, a força de trabalho feminina na Índia caiu 36% entre 2005 e 2006, e 25.8% de 2015 a 2016. Em entrevista ao jornal, Urvashi Prasad, especialista em política pública do governo indiano, reconheceu a dificuldade de combater os abusos no mercado informal. Mas ela defende que medida sejam tomadas. “Precisamos que o setor privado e o governo se posicionem, e pessoas no topo deem exemplo”, disse Prasad.
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