Saiu no site LADO M:
Veja publicação original: Por que sempre achamos que a culpa é nossa se somos incríveis?
Se você é heterossexual, você sabe do que eu estou falando.
Se ele não sorri, achamos que é porque estamos chatas. Se ele não quer sexo, é porque não estamos atraentes o suficiente. Se ele faz uma bosta e depois vocês têm uma DR, você fica achando que exagerou. E se ele acha que estamos agindo como desesperadas, pensamos que talvez estejamos mesmo.
Crescemos aprendendo que o homem ao nosso lado deve ser sempre servido, mimado, agradado, glorificado. Protegido de toda e qualquer insatisfação. É como se fosse nosso dever estar ali para garantir a felicidade plena do macho, o seu sorriso e o seu gozo, mesmo que às custas do nosso bem estar físico ou mental. Na cultura enraizada dentro de nós, qualquer cobrança é pesada demais para ele, qualquer incômodo tem a intensidade de uma bomba atômica, e assim vamos perpetuando essa relação quase infantil, em que eles se tornam os filhos indefesos emocionalmente e nós nos tornamos suas mães, prontas para segurar todas as barras.
Viver desse jeito é algo muito cruel. No entanto, a crueldade é uma das especialidades do machismo, e a sua principal ferramenta para isso é a culpa.
Sentimos culpa quando nos colocamos em primeiro lugar, mesmo que eles se coloquem no topo da lista de prioridades sempre. Sentimos culpa por não corresponder ao ideal de relacionamento do macho. Sentimos culpa quando não estamos disponíveis, quando discordamos, ou quando não acatamos. E sentimos uma culpa profunda inclusive quando sabemos que não devemos sentir culpa, e mesmo assim continuamos a sentir.
Como mudar isso?
Se todas as suas culpas costumam ser acompanhadas pela sensação de que você não deveria estar se sentindo culpada, experimente, aos poucos, ir deixando de lado as cobranças que você coloca sobre os seus ombros. Sim, toque o foda-se pra culpa.
Não, não é fácil. Sim, pode ser muito doloroso. Porém, é necessário. Você não pode viver se cobrando para ser perfeita para outra pessoa. Você não pode continuar aceitando essa pressão que o mundo te impõe.
Se você somar todas essas culpas que você carrega no relacionamento com todas as outras culpas da sua vida, são os seus pulsos que estão em risco, e não os do seu namorado, do seu marido, ou de qualquer outro cara. Pode parecer dramático, exagerado, mas não é: em São Paulo, segundo uma pesquisa realizada em 2015 pela prefeitura, o suicídio já é a segunda maior causa de morte de mulheres jovens. Na maior parte dos casos, elas dão fim à própria vida por não se sentirem boas o suficiente e por ser cobrarem demais, inclusive dentro de seus relacionamentos.
Não transforme a tentativa de se libertar da culpa em uma outra forma de prisão. Tenha paciência com você, mas, aos poucos, tente se colocar como prioridade. Nenhuma mulher merece viver se culpando, se machucando. Você merece ser leve e feliz.
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