Saiu no VALOR INVESTE
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Em momento de discussão sobre o assédio contra assistentes virtuais, vale repensar como as nomeamos e com que imagem a criamos
O fato já vinha me incomodando. Bia, Vivi, Joice, Carina, Alexa, Lu… “Por que assistentes virtuais, em sua grande maioria, tem nomes e vozes de mulheres?”, comecei a me perguntar. Antes mesmo de me aprofundar no assunto, já intuía o que comprovei nas minhas leituras: trata-se do reforço do papel historicamente mais servil da mulher, de estereótipos arraigados na figura feminina, como de cuidadora e subserviente.
O professor de comunicação da Universidade de Stanford, Clifford Nass, escreveu em 2005 o livro “Wired for Speech: How Voice Activates and Advances the Human-Computer Relationship” para esclarecer a questão. Foram dez anos de pesquisas. Ele percebeu que as pessoas atribuem características humanas às interfaces de voz por razões relacionadas à evolução da humanidade. Neste contexto, a voz sintética feminina é percebida como capaz de ajudar a resolver nossos problemas, enquanto a masculina é “ouvida” como figura de autoridade que dá as respostas. Seria algo como evocar no ouvinte a imagem de uma mãe ou de um professor. De novo, estereótipos. Esta matéria na UOL é bem completa e traz mais detalhes: https://www.uol/noticias/especiais/assistentes-de-voz-x-feminismo.htm#mudanca-a-passos-lentos.