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Veja publicação original: Partidos repassam menos de 30% de fundo a mulheres
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Vinte de 34 partidos que disputam as eleições e usam recursos do fundo eleitoral repassaram até agora menos de um terço da verba para candidaturas de mulheres que lideram suas campanhas. O cálculo, que tem como base as prestações de contas feitas pelos candidatos à Justiça Eleitoral, não considera os repasses para as vices e as suplentes de senador, que estão sendo levados em conta pelos partidos para cumprir a cota de 30% de financiamento das candidaturas femininas.
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não determina como as siglas devem distribuir sua cota entre os candidatos, mas especialistas consideram a inclusão de vices e suplentes como uma “manobra” para alcançar o porcentual obrigatório.
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PDT e PSDB foram as siglas que, proporcionalmente, menos repassaram para candidaturas “cabeças de chapa” – deputadas federais, estaduais, distritais e senadoras.
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A menos de duas semanas para a eleição, candidatas tucanas receberam 18% dos R$ 162 milhões distribuídos pela sigla e as pedetistas ficaram com 9% de R$ 50 milhões.
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O cientista político da PUC-Rio Ricardo Ismael acredita que a regra de repasses poderia ser revista. “Acho que o recurso deveria ser obedecido com relação às eleições legislativas”, disse.
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Para a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, professora da Universidade Federal de São Carlos, a discussão sobre a cota feminina chega a ser ultrapassada. “Não adianta ter só cota”, afirmou. Segundo a professora, em outros países há a definição de um porcentual de “cadeiras” nos legislativos para determinados grupos da sociedade, o que incita os partidos a incentivaram a diversidade em suas campanhas eleitorais.
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Uma das idealizadoras da plataforma Appartidarias 2.0, elaborada pelo Grupo Mulheres do Brasil, Lígia Pinto também acredita que as regras de repasse de fundos para mulheres precisam ser revistas.
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O projeto de Lígia, lançado na internet no começo desta semana, mostra o grau de cumprimento das siglas e coligações das cotas de 30% exigidas tanto para candidaturas femininas quanto para repasse de recursos do fundo partidário às suas campanhas. “Vimos que há muitas mulheres com boas plataformas e sem repasses.”
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Siglas
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Entre as declarações de contas dos candidatos até o momento, no PDT de Ciro Gomes, R$ 4,6 milhões foram para candidatas mulheres que não são vices nem suplentes. O valor é inferior aos R$ 7,5 milhões que o partido enviou para Kátia Abreu, vice na chapa de Ciro. Este valor é contabilizado pela sigla para fins de cumprimento da cota feminina.
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No PSDB, os repasses em geral declarados ao TSE já somam R$ 162 milhões, quase o total do valor ao qual o partido tem direito, de R$ 185 milhões. Destes, 18% (R$ 29,16 milhões) foram para as contas de mulheres “cabeças de chapa” e mais R$ 1,5 milhão para a campanha de Ana Amélia (PP-RS), vice na chapa de Geraldo Alckmin. Embora de outro partido, o valor entra na despesa do PSDB e também pode ser computado como repasse para candidatura feminina.
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Procurado, o PSDB afirmou ter depositado R$ 55 milhões (referentes aos 30% da cota feminina) na conta do PSDB Mulher. O partido informa que R$ 39,4 milhões já foram transferidos para candidatas e que o restante será feito no decorrer da campanha. O PDT afirmou que está cumprindo a cota e ressaltou o repasse para Kátia Abreu.
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Sem representação
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Na véspera do protesto “Mulheres contra Bolsonaro”, marcado para sábado em várias cidades do País, as quatro candidatas a vice-presidente se reunirão para um debate sobre a participação feminina na política no qual serão apresentados os resultados de uma pesquisa sobre o tema.
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O evento ocorre no momento que as senadoras Ana Amélia (PP) e Kátia Abreu (PDT), a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) e a líder indígena Sônia Guajajara (PSOL) intensificam a campanha contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que é criticado por declarações machistas e misóginas.
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Segundo os dados do Instituto Locomotiva, que fez a pesquisa e organizou o debate, 94% das mulheres não se sentem representadas pelos políticos, enquanto 72% afirmam se interessar em algum grau por política.
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Temas
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O estudo também mostra que 43% das trabalhadoras brasileiras dizem que já sofreram algum tipo de preconceito ou violência no trabalho e apresenta dados sobre a distorção de salários entre e homens e mulheres.
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O tema ganhou destaque na campanha após as pesquisas indicarem forte resistência do eleitorado feminino contra Bolsonaro. Na mais recente pesquisa CNI/Ibope, o índice de rejeição ao deputado do PSL chegou a 50% entre as mulheres.
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O Ibope também mostrou que 11% do eleitorado feminino está indeciso e 14% deve votar branco e nulo – ante 4% e 9% dos homens, respectivamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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