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Parem de tratar Meghan Markle como vilã

Saiu no site CLAUDIA

 

Veja publicação no site original: Parem de tratar Meghan Markle como vilã

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O retrato negativo que é feito da Duquesa de Sussex revela o sexismo de, constantemente, culparmos mulheres por conflitos familiares

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Por Letícia Paiva

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Desde o anúncio de seu casamento, em 2017, o casal formado por príncipe Harry, filho mais novo da união entre Charles e a popular Lady Diana, e Meghan Markle, então atriz da TV americana, passaram a ter seus movimentos meticulosamente acompanhados pela imprensa britânica e por seus fãs. A cada passo, novas teorias surgiam, com foco sobretudo na nova integrante da família. Como aconteceu com Diana e também com Kate Middleton, cada escolha de Meghan é comentada – e qualquer deslize duramente criticado. Assim, o anúncio de que o casal não seria mais “membros seniores” da realeza e buscaria a própria independência financeira suscitou todo o tipo de teorias. Para muitos, a “culpada” pelo rompimento seria Meghan. No entanto, tal suspeita e a constante perseguição a ela revelam boa dose de sexismo.

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Logo após a decisão do casal ter sido comunicada em seu perfil oficial no Instagram, seguidores passaram a atacar Meghan. “A narcisista Meghan conseguiu o que queria. Ela casou com um príncipe, está ganhando mais atenção do que jamais sonhou e foi capaz de colocar uma coleira em Harry para que ele seguisse seus caprichos”, escreveu um perfil na publicação com o anúncio. “Meghan tem Harry em suas mãos. A mãe dele deve estar se revirando no túmulo”, disse outra. De acordo com essa perspectiva, Harry, um homem de 35 anos apto a pilotar helicópteros e que já serviu ao Exército britânico em missões no Afeganistão, seria incapaz de tomar as próprias decisões e resistir à vilania feminina encarnada por Meghan Markle.

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Embora a hipótese seja, no mínimo, ridícula, ela entrega um comportamento comum em relação às mulheres, frequentemente culpadas por decisões tomadas em conjunto. Além desse episódio mais recente, Meghan tem sido alvo de críticas não apenas de haters da internet, mas também da própria imprensa do Reino Unido. Diferentemente de Diana e Kate, ela não conquistou simpatia popular e dos meios de comunicação. As agressões começaram antes mesmo de seu casamento. Um exemplo foi a publicação de um artigo pelo jornal britânico The Sun indicando que a “garota” de Harry seria estrela de vídeos pornô, o que não é verdade e rendeu um pedido de desculpas público.

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Às vésperas da cerimônia, foi criticada por supostamente não ter convidado seu pai, Thomas Markle, para a cerimônia – ele havia vendido fotos do casal que seriam veiculadas em tablóides sem autorização e sofrera um ataque cardíaco que o colocava em situação delicada para viajar dos Estados Unidos para a Inglaterra –; em seguida, sua meia-irmã Samantha deu uma série de entrevistas em que chama a irmã de “Cruela Devil” e “Duquesa sem sentido”, entre outros adjetivos propagados pelos meios de comunicação. Sem poder conceder entrevistas pessoalmente por conta do rígido protocolo da Família Real, a versão de Meghan geralmente chegava por meio de amigos.

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Depois, a relação entre ela e Kate foi colocada em questão – os boatos é de que elas seriam inimigas por conta da personalidade forte de MeghanA relação das duas gerou notícias como a de que a Rainha estaria “por aqui” com as brigas entre as cunhadas. A atitude de Kate, que seria mais discreta, é também constantemente comparada à de Meghan, vista como avessa aos protocolos reais. Provas dos conflitos nunca vieram à público, entretanto. A demissão de três funcionários pessoais de Harry e Meghan, que pediram dispensa em um intervalo de seis meses, também gerou burburinhos de que Meghan seria tão mandona que tornava o trabalho de sua assistente e secretários insuportável. A dúvida sobre se o “problema” não estaria no comportamento de Harry ou mesmo em motivações particulares dos funcionários nunca foi levantada.

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Também seria “culpa” de Meghan a escolha de o casal não passar as comemorações de Natal com a família de Harry, que tradicionalmente se reúne com a Rainha Elizabeth, em Sandringham, Norte da Inglaterra. Eles optaram por viajar para os Estados Unidos para ficar próximos da mãe dela, Doria Ragland, sabidamente a única familiar próxima a Meghan. A Rainha ter divulgado foto desejando feliz natal para os súditos em que não aparecem as fotos de HarryMeghan e Archie, filho dos dois, foi vista como represália da monarca sobre a decisão dos dois – enfraquece a hipótese o fato de outros netos da monarca, como as princesas Eugenie e Beatrice, mais distantes da linha de sucessão, também não terem sido representados. Mas bastou para que Meghan fosse apontada como pivô de mais um suposto desentendimento familiar.

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 (reprodução/Getty Images)

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A perseguição à esposa fez com que, em outubro passado, Harry emitisse um comunicado contundente afirmando que não toleraria Meghan ser tratada agressivamente pela mídia. Segundo ele, a atuação da imprensa em relação a ela estaria bastante próxima da dispensada à Diana, que sofreu com os olhares dos paparazzi até sua morte em uma acidente automobilístico, em 1997. “Eu fui uma testemunha silenciosa ao sofrimento particular de Meghan por tempo demais”, anunciando que tomaria medidas legais contra artigos infringido a privacidade da esposa.

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Para se casar com HarryMeghan abriu mão de sua profissão de atriz e de tudo que envolve ser uma estrela de Hollywood, como contratos comerciais e aparições públicas que não estejam relacionadas à realeza. Ela passou a viver em novo país, distante de seus amigos próximos e imersa em novos deveres e convenções. Isso geralmente não é levado em consideração nos julgamentos sobre seu desejo de se manter mais longe da realeza. Afinal, a “aproveitadora” Meghan estaria muito preocupada em usar o novo posto para usufruir de benefícios concedidos ao membros da família.

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Pedir que Meghan não seja mais retratada como uma vilã de contos de fada não significa necessariamente dizer que sua figura é livre de qualquer mácula ou que ela é impassível de erros. É apenas reivindicar que as mulheres não sejam mais apontadas como culpadas por conflitos familiares complexos e demonizadas por suas decisões sobre como conduzir as próprias vidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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