Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:
Veja publicação original: Paloma Bernardi fala sobre papel feminista em “Eles não usam Black-Tie”
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Por Priscilla Geremias
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Atriz interpreta Maria na montagem de comemoração dos 60 anos da obra de Gianfrancesco Guarnieri
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Um dos textos mais importantes da dramaturgia nacional voltou aos palcos do teatro com apresentações na cidade de São Paulo. Comemorando seus 60 anos, Eles não usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, foi montado pela primeira vez no Teatro de Arena, no mesmo ano de sua publicação, 1958.
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Paloma Bernardi interpreta a personagem Maria e contou à Marie Claire que o intuito da montagem é fazer uma homenagem ao Guarnieri e que ficou honrada de fazer parte desse momento. “O convite veio através de um amigo produtor, o Fábio Camara. Fazia tempo que nós queríamos trabalhar juntos, mas como as novelas tomam muito do nosso tempo, só conseguimos acertar tudo agora. O que me deixou extremamente feliz, mesmo sendo um texto de 1958, ainda se mantém atual.”
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Na obra, Gianfrancesco Guarnieri transcreve de maneira cotidiana questões sócio-políticas vividas por Tião[Kiko Pissolato], personagem que o próprio autor viveu na montagem do Arena. A história revela, como primeira instância, a organização de uma greve com suas posições ideológicas, morais e divergentes para cada personagem, o que faz com que as discussões entre pai e filho sejam frequentes. Em um plano abrangente estão apoiadas relações familiares como: gravidez, casamento, educação e religião.
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Na peça, a personagem de Paloma, Maria é noiva de Tião e, por ela, ele não quer participar da greve proposta por Otávio [Adilson Azevedo] e outros operários em busca de melhores condições de trabalho. No meio do fogo cruzado, também está Romana [Teca Pereira], a mãe de Tião, uma mulher corajosa e massacrada pela vida.
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Paloma disse que a preparação para viver Maria girou em torno das leituras do texto e foco nas questões femininas. “Assisti ao filme, que é estrelado pela Fernanda Montenegro, e li também o texto original. Busquei focar bastante nessa questão feminina, pois a Maria opta em seguir a sua ideologia e seus pensamentos, ela vai pelo coletivo. Mesmo sendo um texto antigo, ela já traz essa força da mulher de atitude e opinião. Nós tentamos deixar todos os personagens e as situações o mais atemporal possível, pois é um tema que ainda está em evidência mesmo depois de 60 anos.”
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Em Eles não usam Black-Tie, a família sobrevive de maneira humilde, mas não menos digna, refletindo o espelho de uma camada social que abrange milhões de brasileiros. Além disso, a peça tem como pano de fundo reflexões sobre a frágil condição humana, sobre os homens e seus conflitos, trazendo um verdadeiro um debate entre a coletividade e o individualismo, simultaneamente cru e sensível.
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“A peça fala bastante sobre as escolhas do indivíduo perante o coletivo, como essas escolhas podem ter uma proporção grande. Na obra, contamos a história de Tião, que é filho de grevista, mas não concorda em aderir à greve, principalmente porque está para se casar com Maria e a perda de um emprego prejudica todo o futuro que já planejou. Porém, todos ao seu redor concordam com os funcionários em realizar a greve, inclusive Maria. Temos um pouco de comédia durante a peça, mas, especialmente, buscamos causar reflexão nas pessoas através da situação de que devemos sempre respeitar as opiniões do próximo”, contou Paloma.
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Sobre as diferenças entre atuar no teatro e na televisão, Paloma disse que são muitas. “O palco traz um frio na barriga por ser ao vivo, a resposta do público é imediata e não há tantas margens para erros, não tem como pedir para fazer de novo. A televisão, no entanto, é uma rotina muito frenética e na maioria das vezes gravamos mais de 10 cenas por dia que não seguem uma cronologia certa, então temos um desafio em acessar diversas emoções de forma rápida.”
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