Sabe quando você realiza um sonho antes mesmo de imaginar que esse momento chegaria tão rápido? Aconteceu comigo: fui convidada pela minha parceria, amiga da vida e da militança pelos direitos das mulheres, para fazermos um debate juntas (nós duas sonhávamos com isso).
E lá fomos nós: Eu e a Luciana Terra Vilar para Campinas, numa segunda feira a noite, na abertura da Semana Jurídica da Faculdade ESAMC, num bate papo com alunas e alunos do Curso de Direito, sobre “Os Desafios da Mulher no Direito Atual”.
No meio de “trancos e barrancos” da nossa vida pessoal que naquele final de semana estava “bombando” (coisas que a vida “online” não mostra), ficamos no domingo até as 4h da manhã preparando o nosso discurso.
Na segunda feira, levei as crianças na escola, fui treinar, fomos trabalhar e nos encontramos as 18h no meio do caminho …. rumo a Campinas, felizes da vida, não sem antes eu perguntar para ela: “Lú, qual o tema do debate mesmo?” (adoro deixa-la nervosa kkkkkk).
Após termos errado o caminho, pegado um super trânsito e quase termos batido o nosso carro num automóvel de agente funerário levando um finado para o velório (meros detalhes que ficam pra sempre guardados na nossa memória) chegamos em Campinas (a sorte é que nas duas horas de viagem conseguimos repassar toda nossa apresentação, o que foi essencial).
Compusemos a mesa de debate com a Professora Maria Lucia Bressan, primeira professora mulher a integrar o quadro de professores da PUC de Campinas pelo Concurso Público, a Sra. Eliane Jocelaine Pereira, Secretária de Cidadania de Campinas, Professor José Mário Regina, Coordenador do Curso de Direito da ESAMC e o Dr. Paulo Braga, representante da OAB de Campinas.
Desta vez fizemos uma apresentação estilo “pingue-pongue”: escolhemos alguns casos atuais e de grande repercussão, e invertemos os papéis : ela acusou, como Promotora de Justiça e eu defendi, como advogada. Com isso, fomos levantando todos os pontos importantes sobre cada caso e conseguimos abordar de forma leve os aspectos penais e processuais penais dos crimes cometidos. Em seguida, abrimos para debates e interação com as alunas e alunos.
Claro que a Acusação foi vencedora em todos os casos (graças a Deus, consignando aqui que a Luciana desenvolveu um excelente papel como Promotora de Justiça), mas fiz questão de abordar todas as teses de Defesa com que me deparo diariamente nas audiências, para mostrar como ainda estão presentes a culpabilização da vitima e a tentativa de justificativa da violência. A palavra da mulher, isoladamente, basta para sustentar uma condenação? Por que ainda duvidam da nossa voz, se esses crimes geralmente são cometidos entre 4 paredes? Para reflexão.
Acredito que todas essas iniciativas, debates em faculdades e escolas com temas relacionados aos direitos da mulher nos fortalecem ainda mais, pois forma profissionais vocacionados e preparados para lidar com o dia a dia da violência contra a mulher que, atualmente, compreende aproximadamente 60% de todos os processos criminais do país.
Claro que não poderíamos deixar de abordar, ainda que brevemente, a falta da participação e valorização das mulheres nas carreiras jurídicas. Não raro presenciamos notícias, eventos, reuniões, mesas de autoridade com a presença exclusiva de homens. E nós mulheres? Não merecemos ocupar esses espaços, que diga-se de passagem, já são nossos por direito?
Inspirar alunas e profissionais a acreditarem em si e alcançarem posições de destaque em todas as áreas é um dos meus objetivos. Se puder contar com o apoio e a competência de mulheres que tanto admiro e estimo, melhor ainda. Mas o suprassumo mesmo é ver os olhos dessas mulheres brilharem e com a Luciana não poderia ser diferente: seus olhos refletem a luz da estrela mais brilhante do céu. Está no DNA e no coração.
Acabamos a noite numa cantina italiana, depois de termos percorrido quase toda a cidade de Campinas atrás de um restaurante e depois fomos dormir, felizes e realizadas, ainda sobrando um tempinho para darmos muita risada sobre uma das 24 horas mais interessante das nossas vidas.
No dia seguinte, as 5h da matina já estávamos de pé (sim, nossa vida é assim) e ainda deu tempo de chegar em São Paulo, direto pra escola do meu filho do meio, para reunião de professores….e chegamos nós duas, pontuais, e em grande estilo, ao som de DESPACITO.
Lutar pelo direito das mulheres é, como todas já sabem, meu estilo de vida, minha escolha. Mas eu não escolhi ter a Luciana do meu lado….isso foi um presente de Deus, dos mais valiosos que pude receber. Merecimento? Acho que sim, reconheço muitas vezes meu esforço, mas nunca pedi nada em troca. Apenas recebo muita coisa boa de onde jamais espero.
Lú, te desejo apenas uma coisa: SORTE, SORTE, SORTE! 😉 Realizamos apenas um dos nossos sonhos. O melhor sempre está por vir, acredite! Sigamos sempre juntas, de mãos dadas, uma apoiando a outra e nós duas apoiando todas as mulheres.
um beijo da Dra. Excia…. Gabi 🙂