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ONU defende direitos da população negra e LGBTI em evento universitário sobre diversidade

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Veja publicação original:  ONU defende direitos da população negra e LGBTI em evento universitário sobre diversidade

 

Com participação das Nações Unidas, a Semana de Diversidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) reuniu alunos, ativistas e especialistas na última sexta-feira (10) para o debate “Questões de gênero e sexualidade na sociedade contemporânea”. Atividade discutiu desafios enfrentados pelas mulheres e pelas pessoas LGBTI, sobretudo num contexto de acirramento da intolerância. Representante do Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgou iniciativas para combater a discriminação.

O endurecimento de políticas que cerceiam o livre exercício dos direitos humanos – tanto no Brasil, quanto no resto do mundo – foi uma preocupação unânime entre os participantes do debate.

Apresentando a campanha “Livres e Iguais”, uma iniciativa da ONU pela igualdade de direitos para lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e intersex, Angela Pires, assessora de direitos humanos do organismo internacional, disse que é preciso reafirmar ainda mais a importância da não discriminação entre as pessoas.

“Ainda hoje, mais de 70 países-membros das Nações Unidas criminalizam as relações sexuais ou o fato de uma pessoa ser LGBTI. Por isso, é preciso reiterar que quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos, isso inclui a comunidade LGBTI”, ressaltou Angela.

Chamando atenção para o entrelaçamento das questões de gênero e sexualidade com outras problemáticas, a especialista apresentou também a campanha “Vidas Negras”, lançada neste mês pela ONU. A iniciativa visa conscientizar a população e o Estado brasileiros sobre a necessidade de pôr um fim à violência que vitima a juventude negra. Por ano, 23 mil jovens negros morrem no Brasil.

“Falamos muito sobre o racismo que se pratica e falamos pouco sobre quem pratica o racismo. A ONU se soma aos trabalhos que vêm sendo feitos pelos movimentos sociais, pelo movimento negro e pelo movimento de direitos humanos para dizer que a gente precisa enfrentar e eliminar o racismo.”

Para Érika Carvalho, assistente social do Centro de Referência de Mulheres da Maré, é preciso discutir etnias, raça e classe social para a construção de ações de combate à violência eficazes. “As mulheres da Maré são diferentes das mulheres da zona sul do Rio de Janeiro, da Tijuca, de Jacarepaguá.”

Da direita para a esquerda, a assessora de direitos humanos da ONU no Brasil, Angela Pires Terto; a diretora de promoção de equidades na UNA-LGBT, Danieli Balbi; e Murilo Peixoto Mota, escritor e pesquisador da UFRJ. Foto: UNIC Rio/Pedro Andrade

O Centro de Referência é um projeto de extensão da UFRJ, ligado ao Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH). O organismo existe há 12 anos, atendendo mulheres em situação de violência doméstica e vulnerabilidade social. A iniciativa envolve uma equipe de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e alunos.

“Nosso trabalho tem foco em fortalecer a autonomia feminina, e resgatar a percepção de coletividade, com atividades em grupo, rompendo o isolamento que a violência causa. A favela é rica em cultura e é preciso conhecê-la sobretudo para fazer políticas públicas coerentes com suas necessidades. Em uma semana como esta, trazer para o debate a favela, que é tão invisibilizada, é uma forma de resistência contra as perdas e ataques que os direitos humanos têm sofrido ao longo desses tempos.”

Compondo também a mesa, Danieli Balbi, diretora de promoção de equidades na União Nacional LGBT, lembrou a importância da universidade como mediadora de uma discussão plural pela promoção dos direitos humanos.

“Nós nunca podemos deixar de fazer uma reflexão nesse espaço de celebração da possibilidade de uma universidade diversa e plural, que confronta os padrões. Por isso, essa discussão não pode se encerrar aqui. Isso não é suficiente enquanto não tivermos a inserção dessa diversidade de orientação sexual e diversidade de gênero ligados a uma estrutura social, que agora passa por uma crise profunda.”

Seja, respeite, transforme

Debater a diversidade em um espaço público é uma atitude ousada. É o que a professora Chalini Torquato Barros levou em consideração quando propôs a Semana de Diversidade da UFRJ. Com o lema “Seja, respeite, transforme”, o evento aconteceu dos dias 6 a 10 de novembro na Escola da Comunicação da instituição de ensino. Iniciativa foi organizada com a ajuda de uma força-tarefa de 16 alunos voluntários.

“Sou defensora da diversidade dentro desse espaço de democratização da mídia e da universidade. Quando conheci a ideia, achei que era boa demais pra ficar parada. Porém, percebi que na discussão da diversidade é importante abordar outros temas, misturando acadêmicos e ativistas de diferentes idades. Todas as mesas do evento foram pensadas para que tivessem uma representação plural, abordando também questões de classe, raça e deficiência”, explicou a docente, que coordenou a Semana.

Da direita para a esquerda, a assistente social do Centro de Referência de Mulheres da Maré, Erika Carvalho; a assessora de direitos humanos da ONU no Brasil, Angela Pires Terto; a diretora de promoção de equidades na UNA-LGBT, Danieli Balbi; e Murilo Peixoto Mota, escritor e pesquisador da UFRJ. Foto: UNIC Rio/Pedro Andrade

Assinalando a importância de desenvolver ações envolvendo o espaço acadêmico, Angela Pires disse que o evento é um importante meio de fundar novas alianças e divulgar as ações da ONU. A assessora lembrou da importância de explorar o potencial das Nações Unidas, que tem um sistema internacional de proteção dos Direitos Humanos ainda pouco utilizado pelo Brasil e por organizações brasileiras.

“Para nós, é muito importante falar sobre diversidade no espaço da universidade e discutindo comunicação. É uma forma de construir o diálogo para não reproduzir preconceitos, discriminações e LGBTIfobia. A universidade é uma parceira muito importante, bem como os profissionais de comunicação que ocupam a função de levar ao público informações sobre o tema. É fundamental tê-los como aliados na promoção dos direitos humanos”, completou.

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