Excelente texto (para homens e mulheres), escrito por Deh Capella. Vale a pena a Leitura.
Alguém fala perto de você “eu sou feminista” e você torce o nariz. Aposto que isso acontece por pura falta de informação a respeito do assunto. Vamos tentar resolver essa questão, que tal?
Feministas não querem dominar e anular os homens. Não querem tomar o poder. Pare com essa teoria bobinha de conspiração, ora essa.
Feministas querem apenas condições iguais para que as mulheres cheguem onde quiserem chegar: salários iguais aos que são pagos aos homens, divisão de tarefas domésticas que permita que a mulher se desafogue de jornadas duplas ou triplas, oferta de creches públicas e nas empresas, extensão da licença-paternidade, oportunidades iguais de emprego e de progressão na carreira, direito de transitar em qualquer lugar e com a roupa que quiser sem ter sua integridade física e psicológica ameaçada, entre outras coisas;
Feministas não odeiam homens. Feministas não são “sapatões”. Se você sai reproduzindo isso por aí devia se envergonhar – chamar uma feminista de “sapatão” é ofensa para você, mas para a feminista não. Há feministas heterossexuais e homossexuais, há feministas casadas, viúvas, com filhos, separadas e solteiras convictas. E, ei, há homens feministas. Há transexuais feministas. Muita gente já superou esse modelo estereotipado da feminista machona;
Feministas não são “caminhoneiras desmazeladas”. Há feministas que gostam de se maquiar, de se arrumar, de se emperuar, há feministas que não gostam; há feministas que gostam de vestido, de saia, de florzinha, há feministas que não gostam. O feminismo é plural e tem espaço para tod@s. O que as feministas têm é uma atitude mais crítica com relação ao valor que a sociedade dá à aparência, com relação ao controle que se tenta exercer sobre o corpo da mulher. Há feministas que fazem dieta, há feministas que não ligam para o peso. Muitas feministas fazem as unhas, muitas nunca fizeram sobrancelha na vida. Não existe essa separação entre “ser feminista” e “ser feminina”. O importante é não julgar as pessoas em função da aparência e não permitir que nos julguem;
Feministas não são radicais chatas e agressivas. Você está confundindo assertividade com chatice. Onde você vê brecha para chatice a feminista vê a necessidade de olhar crítico e de debate, de questionamento; quanto à agressividade, posso garantir que ela ocorre nas hostes feministas na mesma proporção em que ocorre em todos os lugares. Além disso, cobrar da mulher meiguice e fofura é um negócio meio datadão, você não acha? Pense que há várias décadas foram várias dessas “radicais chatas e agressivas” que abriram caminho para que hoje as mulheres de muitos lugares do mundo possam votar, estudar, trabalhar fora ou fazer coisas prosaicas como usar calça comprida, fumar, dirigir;
O feminismo é necessário sim. Muitos dos direitos estabelecidos por lei e aplicados não dão conta de garantir às mulheres o que é necessário para uma vida digna. Pra ficar no exemplo mais simples: dê uma olhada na quantidade de casos de violência contra a mulher e me diga, com sinceridade, se você acha que a luta de movimentos feministas é mesmo dispensável;
Feministas não têm absolutamente nada contra quem escolhe ser mãe e dona de casa: o feminismo é, como já disse, plural, e uma das lutas é também pelo respeito à mulher que “não trabalha”: ela tem direito a descanso, tem direito a aposentadoria e tem direito a respeito como qualquer outra mulher que trabalha fora; ela tem também o direito a fazer suas escolhas na vida e a questionar sua posição no lar;
Feministas não acham que as mulheres são vítimas coitadinhas. Feministas lutam pelo empoderamento feminino, pela autonomia; feministas querem que os homens estejam ao seu lado na luta;
Feministas acreditam que o machismo afeta homens também: as afirmações de que “homem não chora”, “homem não cuida da casa”, “menino não brinca de casinha”, “homem que obedece à mulher é banana, é dominado”, “homem não pode demonstrar sensibilidade nem fraqueza”, “homem tem que ser o provedor”, “homem tem que ser parrudo, másculo, viril” são desrespeitosas, são amarras para os homens, desrespeitam a individualidade e também subestimam a conformação “alternativa” de muitos lares, em que homens dividem tarefas entre si ou com mulheres, ou mesmo em que as mulheres fazem jornada profissional fora e os homens ficam em casa;
Feministas têm senso de humor sim. Só que o nosso senso de humor não contempla piadas que diminuam, subestimem, escrachem a figura feminina (e nem a figura masculina)!
Tem piada que devia não ser censurada, porque censura é questionável, mas ignorada até cair no ostracismo eterno. Pra feministas, por exemplo, aquela famosa “piada” sobre o heroísmo de estupradores de mulheres feias não tem um pingo de graça porque, oras, dar parabéns a estuprador passou a ser bacana quando mesmo, minha gente? Nada de bom pode sair daí.
O feminismo é simplesmente a ideia de que as mulheres possuem direitos básicos que são negligenciados pela sociedade como um todo. Feministas não defendem privilégios especiais pra mulheres, mas brigam para que todas possam ter a mesma liberdade que é garantida em teoria a todos e na prática não é possível exercer. Simples, não?
E agora, que tal pensar melhor sobre o feminismo?