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O papel transformador das mulheres e a divisão do trabalho

Saiu no site MUNDO RH

 

O papel transformador das mulheres na sociedade moderna.

 

Heloisa Matteo – Diretora Executiva do Projeto ELAS

Ao longo da história, a invisibilização e subvalorização do trabalho não remunerado das mulheres têm desempenhado um papel crucial na manutenção das desigualdades de gênero.

Mas, o que isso significa?

A imposta divisão do trabalho reforça diariamente a subjugação e exploração das mulheres, considerando o quanto somos pressionadas a desempenhar múltiplos papéis na sociedade, enfrentando a desigualdade salarial, a falta de reconhecimento do trabalho doméstico não remunerado e a limitação de oportunidades de progresso profissional. Resumidamente, mulheres foram relegadas a uma dupla dependência, limitando sua liberdade e autonomia.

A discussão acerca do trabalho reprodutivo tem sido uma tendência, (e que bom!) de modo que não apresento novidades neste artigo. Contudo, é justamente por sua relevância que mantenho a toada. O trabalho reprodutivo, composto por atividades essenciais para a reprodução da força de trabalho e da vida em sociedade, tem sido predominantemente realizado por mulheres, sem o devido reconhecimento e valorização. Essas tarefas fundamentais para o funcionamento da economia e a manutenção da vida cotidiana são invisibilizadas, alimentando a persistente exploração e contribuindo para as desigualdades de gênero e de classe na sociedade.

Como nadar contra a corrente?

A educação desempenha um papel vital na preparação das mulheres para carreiras em áreas tradicionalmente dominadas por homens.

A título de exemplo, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), as mulheres representam aproximadamente 20% dos profissionais registrados e, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), representam cerca de 38% dos juízes no Brasil. Na construção civil, menos de 10% dos trabalhadores são mulheres e, na Engenharia de Computação e Tecnologia da Informação (TI), a participação feminina é especialmente baixa, ocupando 20%.

Já no Serviço Social, as mulheres representam cerca de 90% dos profissionais e, na Enfermagem, aproximadamente 85%. Contudo, seguem sub-representadas em cargos de liderança em muitas áreas, incluindo setores onde são maioria.

O contexto nos revela como programas de bolsas de estudo e cursos gratuitos preparatórios para concursos públicos são chave para o desenvolvimento de habilidades e o alcance de empregos estáveis Brasil afora.

Amartya Sen (2010) destaca a importância da agência das mulheres como catalisadoras de mudanças positivas na sociedade. O argumento do economista gira em torno do empoderamento, cujo benefício não se limita ao individual, mas também ao impacto direto na saúde, na educação e no desenvolvimento social e econômico de suas comunidades.

Mulheres com empregos estáveis e remunerações justas tendem a participar mais ativamente da política, das tomadas de decisões e na criação de políticas mais inclusivas e igualitárias, refletindo suas necessidades e preocupações. No campo individual, manejam suas vidas com autonomia, estabelecendo relações familiares e de trabalho com mais propósito e segurança, não impostas pela necessidade.

Diante desse cenário, a reiteração se faz imperativa. Trata-se de um dever moral reconhecer e valorizar o trabalho das mulheres como agentes de mudança social. Garantir o acesso à educação e saúde de qualidade e fomentar sua participação ativa em todos os setores da sociedade é a única forma de alcançarmos uma sociedade inclusiva e sustentável.

 

 

 

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