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Veja publicação original: O feminismo não é um discurso de auto-ajuda, ele nos dá força para seguir em frente
“A luta contra as opressões que nos cercam não se resolve com força de vontade. Precisamos estender a mão e falar: vamos juntas?”
Quem senta no Divã de hoje é a Carolina Oms*.
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“Era o final de uma palestra sobre feminismo. Falamos sobre assédio, sobre as opressões cotidianas que vivemos e sobre como podemos aliviar esse fardo se nos unirmos em vez de competir e julgar – como tantas vezes somos ensinadas a fazer.
Uma das maneiras de financiar o jornalismo independente feito aqui na Revista AzMina é ministrando palestras em empresas, consultorias e eventos. Esses momentos também nos permitem compartilhar experiências, conversar sobre como o feminismo não é um conjunto de regras opostas às do machismo, que vão te obrigar a parar de se depilar e odiar os homens.
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Para uma jornalista, acostumada como eu estou, a medir as reações ao meu trabalho em forma de curtidas e compartilhamentos no Facebook, é gratificante perceber no olhar das mulheres presentes nas nossas palestras que aquelas palavras servem como um alívio.
Um alívio à ideia de que elas têm que ser perfeitas no trabalho, em casa e na família. Da sensação de que elas são as únicas responsáveis pelo cuidado com a casa e a família. Da culpa que as faz sentir responsáveis por um assédio no trabalho ou nas ruas.
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Mas, naquele dia, uma das funcionárias da empresa quis deixar uma última palavra de reflexão, quando eu já havia encerrado a palestra: “O outro só faz com a gente aquilo que permitimos”.
Mas as violências do machismo ocorrem contra a nossa vontade e nem sempre podemos lutar contra elas. Não sozinhas.
O feminismo não é um discurso de auto-ajuda para mulheres. Ele não nos ensina que basta se sentir poderosa e linda para que possamos enfrentar as dificuldades que nos cercam.
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Muitas vezes o feminismo nos dá força para seguir em frente, para não ouvir calada, para dizer não. Mas a luta contra as opressões que nos cercam não se resolve com força de vontade e o conhecimento obtido com uma hora de palestra da Revista AzMina. Esse é apenas o começo da caminhada.
Mas, se a gente achar que é e resumir uma palestra inteira afirmando que “o outro só faz com a gente aquilo que permitimos”, culpabilizamos vítimas de estupro, crianças que sofreram com a pedofilia, mulheres que sofrem com a violência doméstica.
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Se hoje, graças ao feminismo e à nossa história, muitas de nós conseguem dizer não a certas violências é preciso reconhecer que fazemos de um lugar privilegiado, onde poucas mulheres podem estar. Pode ser o privilégio de conhecer o feminismo, de estudar ou de classe social e raça – as opressões que cercam as mulheres negras, por exemplo, são muito maiores do que as que me afetam como feminista branca de classe média.
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Esse empoderamento que obtivemos a duras penas e que seguimos lutando para não perder não nos torna melhores do que aquelas que ainda não puderam fazê-lo, mas nos obriga a estender a mão para elas e falar:
Vamos juntas?”