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No terceiro episódio de “Justiça Por Elas”, série documental do GNT produzida pela Café Royal, Jéssica Paulo, Ex-Policial Militar, relata as ocorrências que sofreu no trabalho e como isso impactou o resto de sua vida. A entrevistada foi assediada por seu então tenente durante meses até decidir deixar a carreira na Polícia Militar e ser exonerada em maio de 2021 por conta da pressão que sofria dentro da corporação.
O episódio também conta a história de Rafaela Drumond, escrivã de 31 anos que cometeu suicídio após denunciar assédios na delegacia em que trabalhava.
Os casos de Jéssica e Rafaela fazem parte de um cenário assustador. No Brasil, só em 2022, 46,7% das mulheres brasileiras com mais de 16 anos sofreram assédio ou importunação sexual. Esse número representa 4 em cada 10 mulheres. Dentro desse cenário, 18,6% dos casos aconteceram no ambiente de trabalho e 49,1% com mulheres negras.
Luanda Pires, Advogada, Co-fundadora e Relações Internacionais do Me Too Brasil, revela: “São predadores sexuais. Homens que se utilizam da sua própria sexualidade para constranger e manusear os corpos de mulheres, de forma orgânica”.
Franciane Andrade, Estudante de Medicina Veterinária e Sara Perez, Estudante de Engenharia de Produção
Em 2022, o Brasil teve o maior número de registros de estupros. Foram 74.930 casos, um aumento de mais de 8% em relação ao ano interior.
O episódio 4 de “Justiça Por Elas” alerta sobre um tipo de violência que aterroriza muitas mulheres: o estupro. No episódio, Franciane Andrade, estudante de medicina veterinária, e Sara Perez, estudante de engenharia de produção, comentam sobre as violências cometidas contra elas.
Gabriela Manssur, advogada especializada no direito da mulher e ex-promotora pública, é a apresentadora do programa e comenta os casos das mulheres convidadas com dados e experiências. Todos os episódios também contam com a participação de especialistas, como a antropóloga Jade Lôbo, a jurista, professora, pesquisadora e advogada Soraia Mendes e a deputada federal Célia Xakriabá.
Ao juntar as histórias das personagens e os argumentos técnicos das especialistas, assuntos de extrema relevância são levantados. No episódio 4, é comentado sobre a importância da Lei do Minuto Seguinte, onde vítimas de violência sexual têm direito a atendimento obrigatório e gratuito no minuto seguinte a agressão, incluindo exames de doenças sexualmente transmissíveis, remédios para evitar transmissão, pílula do dia seguinte e material de DNA para identificar eventual agressor.
As porta-vozes também comentam sobre a responsabilidade que os estabelecimentos têm perante casos de violência com a mulher e a existência do protocolo “Não Se Cale”, que deve garantir o acolhimento à mulher, orientação psicológica e apresentação das provas aos órgãos competentes.
Célia Xakriabá afirma: “Quer entender mais a fundo essa violência? Comece pelo Brasil. Você sabia que na invasão do Brasil demorou 51 anos para trazer mulheres para cá? Assim se deu início ao processo de grande violência contra as mulheres indígenas. Foram 51 anos estuprando mulheres indígenas e depois, com muita truculência, as mulheres negras”.
A série vai ao ar todos os domingos, às 23 horas, com dois episódios em sequência. Os conteúdos também estarão disponíveis no Globoplay + Canais.