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Na prática, a teoria é outra: o caso Mariana Ferrer e os mitos sobre estupro

Saiu no LE MONDE.

Veja a Publicação original.

Nas últimas semanas, as reações ao caso de Mariana Ferrer tomaram conta do debate público brasileiro. A jovem catarinense de 23 anos, que denunciou uma violência sexual sofrida em 2018 dentro do camarote de uma boate de elite em Florianópolis, protagonizou uma variedade de notícias e artigos de opinião que trouxeram análises críticas em relação tanto à sentença do juiz, que inocentou o réu André de Camargo Aranha, quanto às imagens gravadas durante uma das audiências realizadas remotamente por meio de dispositivos digitais.

No vídeo que ganhou grande repercussão, em uma sala virtual acompanhada de quatro homens, Mariana é brutalmente indagada pelo advogado de defesa, Cláudio Gastão da Rosa Filho, acerca de fotos publicadas em redes sociais ou originárias de sua atuação profissional como modelo fotográfica. O advogado questiona, em tom de escárnio, o fato de Mariana alegar ser, na época do ocorrido, ainda virgem. A moça, nervosa e em lágrimas, pede respeito, ao que o advogado continua, em tom exasperado, a insistir no argumento de que as fotos e o trabalho de Mariana como promoter de festas noturnas não seriam condutas condizentes com a esperada de uma vítima (virgem) de violência sexual.

Apesar das imagens terem gerado indignação por parte de muitas pessoas, situações semelhantes às indagações as quais Mariana foi submetida durante a audiência são comuns em relatos de mulheres e meninas que passaram por situações de violação sexual e optaram por fazerem denúncias ou desabafarem com parentes e amigos.

À primeira vista, a maior parte das pessoas se diz extremamente repugnada por casos de violência sexual. Não raro, em reação a relatos de estupro ou assédio, ouvimos uma série argumentos em prol de endurecimento penal e, até mesmo, de castração química de criminosos sexuais. Na prática, contudo, a teoria é outra. Diante de histórias reais de abuso, proliferam-se dúvidas, suspeições e demandas por maior contextualização. Todos se tornam ávidos por minúcias procedimentais do direito penal e por técnicas de construção de prova, preocupados em não construir convicções apressadas ou promover condenações sociais e morais do acusado sem ter a mais absoluta certeza do ocorrido. Esse comportamento não é comum em relação a relatos de outros crimes, como assassinatos ou mesmo situações de violência urbana, como roubos ou sequestros. Então, por que denúncias de violência sexual geram tanta suspeita sobre o relato da vítima?

Veja a Matéria Completa Aqui!

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