Saiu no site MERCADIZAR
Veja publicação no site original: Mulheres que apoiam Mulheres
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Conheça projetos comandados por mulheres para mulheres
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Por Isabella Botelho e Nayá Costa
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A união feminina cresceu através de pequenos passos desde o início da humanidade, a partir do momento em que as mulheres entenderam que juntas poderiam mudar suas realidades. O ‘ser mulher’ esteve por muito tempo atrelado à desvalorização. Se opondo à essa concepção, muitas mulheres percebem hoje a importância de dar suporte uma à outra, seja por meio de um simples diálogo ou através de um projeto de apoio.
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Instituto Mana
A constante inquietação de quatro advogadas perante ao machismo presente em seus ambientes de trabalho foi o estopim para a ideia do Instituto Mana em meados de 2016. Após observarem que em Manaus a maioria das mulheres não conhecia seus direitos básicos – além de não judicializarem seus casos de violência – Anne Paiva, Fernanda Alexandrino, Keila Martins e Nayana Góes deram vida ao instituto.
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Em janeiro de 2017 nasceu o Mana, inicialmente como um clube do livro só com obras feitas por mulheres, buscando dar visibilidade para as escritoras além de incentivar à leitura. Buscando ampliar sua área de atuação, o Instituto lançou também no mesmo ano um canal de comunicação online, onde mulheres de todo o país podiam relatar agressões e tirar dúvidas sobre os mais variados temas do âmbito feminino. O canal recebia mais de 100 perguntas por dia sobre coisas aparentemente “simples”, de direitos básicos à divórcio.
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Citando Simone de Beauvoir, Nayana Góes afirma que “numa crise a primeira coisa que é retirada são os direitos de nós, mulheres”. Para Nayana, as mulheres ainda não assimilam o que é delas legalmente. “Se um homem falar ‘você não tem direito a tal coisa’ você acredita nele, mesmo que esteja na Constituição”.
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Além do clube do livro, o Mana realiza rodas de conversa e palestras sobre direito e gênero, além de atividades com comunidades para o empoderamento feminino e acesso aos meios de proteção na cidade. Em 2019 o Instituto iniciou também um projeto com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) para a gestão casos de proteção de média e alta complexidade com refugiados imigrantes em Manaus.
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Hoje, o Instituto Mana gera renda para mais de 12 pessoas, e o objetivo para o futuro é ampliar isso, além de melhorar a estrutura e levar o clube para todo o interior do Amazonas.
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Humaniza Coletivo Feminista
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O parto é um momento muito importante para a mulher, algo que vai ser eternizado e lembrado por toda a vida. No entanto, para um grande número de mulheres estas lembranças não são as que elas gostariam de ter. Segundo pesquisa desenvolvida pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc, realizada em 2010, aproximadamente uma em cada quatro mulheres no Brasil sofreu algum tipo de violência durante o parto. A denominação para os maus tratos, abusos e desrespeitos sofridos por essas mulheres é denominado violência obstétrica.
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O diálogo claro e aberto é fundamental para que sejam desenvolvidos mecanismos cada vez melhores para a sua prevenção. Em Manaus, a organização não governamental Humaniza Coletivo Feminista propõe o debate que envolve a violência obstétrica e os direitos da mulher. O Humaniza surgiu a partir da reunião de vítimas e de mulheres afetadas pela causa. À época, tudo começou com a denúncia de uma vítima, que, após contato com o promotor de justiça, passou a realizar rodas de conversa sobre parto humanizado e temas relacionados ao nascimento.
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Em 2015, elas foram convidadas para abordar a temática numa audiência pública que, para a surpresa das palestrantes, atingiu sua lotação máxima. Depois dali, viram a necessidade da continuidade do trabalho. Posteriormente, migraram para o que chamavam de Movimento da Humanização do Parto Nascimento.
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Atualmente, uma das principais frentes de atuação do Humaniza está pautado no parto, sobretudo na violência obstétrica. No entanto, abordam tudo relacionado a infância, juventude e, principalmente, a mulher.
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O enfrentamento à violência obstétrica foi um grande desafio, principalmente por ser um tema que vem recebendo a devida atenção apenas nos últimos anos. “Infelizmente existe uma cultura socialmente imposta muito forte de que, no momento do parto, a mulher é secundária e o que importa é o que os profissionais precisam fazer. Trazer essa delicadeza de conscientizar as pessoas vai diretamente no que é cultural e sempre que você mexe em algo que é estrutural, causa muito impacto e é muito difícil”, afirma Alessandrine Silva, assessora de comunicação da Humaniza.
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Após anos de luta e apelo, em 2019 entrou em vigor a Lei Estadual n° 4.848/2019, que determina a implantação de medidas contra a violência obstétrica nas redes pública e particular de saúde do Amazonas. A lei define, por exemplo, que qualquer omissão que cause dor desnecessária às mulheres durante o parto é considerada violência obstétrica.
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Solidariedade em ação
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O Fundo Manaus Solidária foi fundado em maio de 2017 com o objetivo de apoiar, coordenar e realizar ações de promoção social, cultural, educacional e profissional. Elisabeth Valeiko, arquiteta e primeira-dama da cidade, é presidente do Fundo há três anos e trabalha ativamente em prol das questões sociais, fornecendo por meio do projeto atividades com ênfase no empreendedorismo, voltadas ao meio ambiente e à melhoria da qualidade de vida nos mais diversos aspectos sociais. As ações do Fundo seguem quatro eixos fundamentais: Socorro Social; Atenção Solidária; Mobilização do Bem e Protagonismo Cidadão. Assim, o projeto consegue conhecer melhor a cidade e seus cidadãos.
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Nos últimos dois anos, a Prefeitura de Manaus, através do Fundo, fomentou 64 projetos de Organizações da Sociedade Civil (OSCs). No total, foram disponibilizados R$ 11,7 milhões para serem utilizados em projetos nas áreas de qualificação e geração de renda, inclusão social e defesa de direitos humanos. No primeiro edital, lançado em 2018, mais de seis mil pessoas foram beneficiadas.
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O programa “Abraço Solidário” – extensão do Fundo Manaus Solidária – teve grande impacto social. Ele concedeu bens materiais à pessoas em situação de vulnerabilidade ou risco social de qualquer natureza e a pessoas acometidas de câncer ou com problemas crônicos de saúde. Com ele, mais de 10 mil pessoas já foram beneficiadas. “Quando você doa uma cadeira de rodas a uma criança sem mobilidade, por exemplo, você está ajudando a criança e a família como um todo, está possibilitando meios para que se tenha ou se busque uma melhor qualidade de vida para todos daquela convivência”, ressalta Elisabeth.
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Já a ação “Março Lilás” chamou atenção das mulheres para o autocuidado, combate à violência doméstica, assédio e feminicídio. A iniciativa chamou a atenção para a importância dos exames preventivos, de modo especial o do colo do útero, que é o de maior incidência na nossa região. O Fundo promoveu também uma ação voltada às mulheres em situação de rua, com consultas médicas, testagem para DST’s, educação em saúde e outros serviços.
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Hoje, o Fundo promove uma grande mobilização social, principalmente com a arrecadação e doação de donativos. Para Elisabeth, “a bondade, a generosidade e a solidariedade podem ser exercidas de diversas maneiras, basta você encontrar o seu modo. Não há quem não tenha meios de fazer o bem ao outro. Todos podem”.
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