Saiu na VOGUE
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Taís Araujo é pura inspiração para a mulher brasileira. Aos 42 anos, a carioca simplifica o estilo de vida do artista ao expôr frequentemente as dores e delícias de conciliar carreira em ascensão, sua própria individualidade e a criação da linda família que divide com Lázaro Ramos, seu parceiro há 14 anos.
Em um papo com a Vogue Brasil, a atriz que é voz potente e inspiração para muitas mulheres faz uma análise sobre representatividade da mulher negra no mercado, o que é sentir-se valorizada e também a importância de ser porta-voz da L’Oréal Paris no Brasil, uma marca que há 50 anos celebra a clássica assinatura “Porque você vale muito” e está envolvida com temas tão importante para a mulher brasileira. Continue lendo!
Você sempre teve certeza do seu valor ou chegar a duvidar de si em algum momento?
Eu duvido de mim até hoje, vivo duvidando de mim, mas vivo fazendo um mantra também de que assim: “não, é possível, você vai conseguir”. Ao mesmo tempo que eu duvido de mim, eu também me coloco em risco, arriscando para coisas maiores, sonhos que talvez eu ache que não seja capaz ou que eu não seja tão potente para estar naquele lugar, mesmo assim, eu arrisco. É claro, a maturidade, né, o tempo, deixam a gente muito mais segura em relação a gente. Mas muitas vezes hoje eu ainda duvido de mim.
Quando percebeu que “você vale muito”?
Ah! Eu vivo percebendo isso também. Pode parecer resposta contraditória, mas ao mesmo tempo que eu duvido de mim, eu também sei que eu tenho o meu valor, sabe? E isso o tempo vem dizer, né? Por mais que as pessoas falem, eu duvido para não me sentir no lugar de conforto. Acho o lugar do conforto, do comodismo muito perigoso. Mas quando uma mãe de uma menina ou uma menina negra ou branca vem falar comigo, que presta atenção, gosta das coisas que eu falo ou quando o que eu falei fez ela pensar de uma maneira que mudou a vida dela, eu respiro e falo: “pô! Acho que as minhas escolhas estão valendo muito sim. Que bom que escolhi esse caminho.”
Conquistar o mercado publicitário para uma mulher negra é algo recente. Como você enxerga essa valorização da mulher?
Nossa! Eu acho as mulheres negras no mercado publicitário uma conquista, né? A publicidade conta muito a história do mundo. O que o mundo considera pertencente, possível, potente passa pela publicidade, a publicidade é uma grande responsável por isso. É muito bom que hoje as agências e as empresas respeitem os seus consumidores, colocando pessoas de todos os tipos, mulheres negras, mulheres gordas, pessoas com deficiência, todo mundo precisa ser visto nas publicidades para se sentir potente e pertencente.
O que te faz se sentir valorizada?
O que me faz sentir valorizada é olhar os lugares e me reconhecer nesses lugares, reconhecer meus pares nesses lugares. Olhar para um lugar e ver que tem mais pessoas negras além de mim consumindo, consumindo cultura, consumindo produtos. Eu ando por muitos lugares com pessoas não negras, então quando vejo que existem pessoas negras nas universidades, nas escolas de maneira confortável, eu me sinto valorizada, eu gosto muito.
Você se tornou uma voz importante dentro e fora das redes sociais. Quando percebeu essa sua influência?
Olha! A gente tem conversado muito internamente da L’Oréal, né? Sobre cultura, a gente sempre trabalhou valorizando a autoestima da mulher, talvez não com todos esses conceitos que temos hoje, não olhando tão cuidadosamente para todos os tipos de mulheres, porque o mundo não olhava. Eu trabalho para a L’Oréal há onze anos e eu acho que estamos caminhando conforme a demanda da sociedade. Temos uma demanda de respeitar todos os públicos, todas as mulheres e a L’Oréal está nesse caminho.
Agora então a gente tem um compromisso, mas se a gente for pensar, sempre tivemos. Quando você tem um slogan “porque você vale muito” ou até antes “porque você merece”, já é olhando para a mulher e falando: “você vale! Você merece! É isso!” É sobre você, é sobre olhar para você, é sobre ampliar esse olhar. Então para mim é uma honra ser porta-voz dessa empresa que há tantos anos valoriza e prega a autoestima da mulher e ainda mais agora, que há uma preocupação e um entendimento e uma necessidade urgente de atender uma demanda da sociedade.
Qual a importância de ser porta-voz de uma marca que há 50 anos está envolvida com a vida das mulheres de uma forma tão íntima?
Fazer parte do time de L’Oréal Paris é um orgulho e me sinto honrada de ser porta-voz de uma marca que há 50 anos prega mensagens de valor, poder e empoderamento feminino. Quando diversos temas que hoje são claros em debates, como valorização da mulher, poder, padrões, diversidade e empoderamento feminino, ainda não eram pauta naquela época, L’Oréal Paris já falava sobre isso por meio de suas campanhas. Isso é incrível! Fora que os produtos cheios de tecnologia, qualidade e inovação, ressaltam a beleza extraordinária e única de cada mulher.
Cabelo é uma força feminina. Você sempre se relacionou de forma positiva com o seu?
Engraçado! Eu sou uma mulher negra, tenho o cabelo crespo, venho de uma geração de mulheres negras com os seus cabelos crespos, que negaram os seus cabelos muito anos, muitos negam até hoje, mas eu acho que a minha mãe foi numa evolução de pensamento que ela respeitou os meus cabelos crespos. É claro que passei química no meu cabelo, mas já era uma outra química, uma química chamada relaxante que mantinha o cabelo crespo, mas abria os cachos do cabelo. Ela não passou um ‘henê’, coisa que alisava, um alisante mesmo.
Acho que ela já estava em uma evolução de pensamento e, como eu sempre tive cabelo muito comprido, agora não, o meu cabelo na minha escola sempre chamou muita atenção, as minhas amigas gostavam de pentear o meu cabelo porque era enorme, era na cintura. Então eu sempre tive uma relação boa com o meu cabelo. Acho que o cabelo é sim um símbolo feminino, independente do comprimento. A liberdade da mulher com o seu cabelo em ter o cabelo que bem desejar é o que é a cara da mulher contemporânea.