Saiu no O TEMPO
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Aos 22 anos, recém-formada em administração, Paula Harraca entrou como trainee em uma aciaria na Argentina, que tinha acabado de ser absorvida pela ArcerlorMittal. Veio para o Brasil, ocupou postos no Canadá, Espanha e Luxemburgo e hoje, aos 41, ela é diretora de estratégia, inovação e transformação do negócio. “Quando entrei, eu era praticamente a única mulher no meio de 400 pessoas, junto com a moça que fazia a limpeza. De lá para cá, percebo que isso está evoluindo nas empresas industriais que têm predominância masculina, mas, é claro, ainda temos um caminho grande pela frente”, destaca.
Ela é uma das quatro mulheres à frente de uma diretoria na ArcelorMittal Brasil, que tem 15 posições no primeiro escalão executivo. Assim como a mudança percebida por Paula é concreta, a longa jornada pela equidade também é uma realidade. Nos cargos gerenciais, as mulheres não chegam nem a 40%. O estudo “Estatísticas de Gêneros”, publicado em março deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 62,3% desses postos são ocupados por homens, que, em média, recebem 32,3% a mais do que elas.
O mundo corporativo vem tentando equilibrar esse jogo, mas, com as vantagens históricas dos homens, o desafio requer muito mais do que estratégia. Algumas políticas adotadas por empresas, como metas de elevar a presença feminina no quadro de funcionários, mostram que não é tão difícil assim. A própria Paula, que está há 18 anos no grupo ArcelorMittal, tem uma história de sucesso para contar. Mãe de Emma, 7, e Sara, 4, ela foi promovida nas duas gestações. “Eu tive experiências muito boas, talvez seja fora do padrão da sociedade. E eu gosto de contar para mostrar que é algo possível, para que sejam cada vez menos exceções e mais casos generalizados”, destaca.
A diretora faz parte do comitê de diversidade da siderúrgica. É madrinha do grupo de afinidade de gêneros na multinacional, que tem como meta dobrar o percentual de mulheres para 30% do quadro até 2030. Hoje, em média, 14% da força de trabalho é feminina. Mas, na área industrial, elas são apenas 7% dos trabalhadores.
“A empresa está aprendendo nessa jornada de sermos cada vez mais diversos e inclusivos. Temos mulheres que hoje se inspiram na hora que olham para mim e para outra diretora que está à frente da área industrial, pois isso é uma quebra de paradigma. Elas olham e pensam: é possível chegar lá”, comemora Paula.