Saiu no site AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO:
Veja publicação original: Mulheres com emprego trabalham mais em casa do que homens desempregados
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Com recessão, participação masculina nos afazeres domésticos avança. Mas, no total, elas ainda dedicam 10 horas a mais para essas tarefas, mostra IBGE
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Com a recessão, mais homens passaram a fazer tarefas domésticas no ano passado, mas as mulheres ainda dedicam o dobro de horas que eles nesses afazeres. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE, 76,4% da população masculina com mais de 14 anos fizeram algum tipo de atividade em casa, como lavar louça ou fazer algum reparo. O percentual é maior que os 71,9% registrados em 2016. Mas o avanço foi pouco para diminuir a discrepância. Entre elas, a parcela chega a 91,7%. Mas a desigualdade é maior quando o assunto é o número de horas dedicada ao serviço no lar e aos cuidados de crianças e idosos. Mulheres ainda gastam 10 horas a mais com esse tipo de atividade.
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A diferença aparece em todos os tipos de comparação. As mulheres empregadas — ou seja, que trabalham fora — dedicam 18,1 horas semanais às tarefas de casa, filhos e idosos. A média é maior até que a dos homens desempregados ou inativos, que dedicam só 12 horas por semana a essas atividades. Para os homens empregados, a média ficou em 10,3 horas semanais. Já as mulheres fora do mercado de trabalho chegam a dedicar 23,2 horas por semana aos afazeres domésticos.
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Considerando todas as mulheres (ocupadas, desocupadas e inativas), elas dedicam 20,9 horas às tarefas domésticas e aos cuidados pessoais de crianças e idosos, o que inclui atividades como olhar as crianças e levar à escola. É o dobro das horas dedicadas por eles: só 10,8 horas semanais. Esses números são praticamente idênticos aos apurados na pesquisa anterior. A média das mulheres ficou exatamente igual, enquanto a dos homens chegou a cair: em 2016, era de 11 horas.
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Apesar da discrepância, o IBGE avalia que houve algum avanço, principalmente por causa da crise.Alessandra Brito, analista da coordenação de trabalho e rendimento do IBGE, observa que a recessão pode explicar esse avanço do percentual dos homens. Mas ela destaca que ainda falta muito para que a desigualdade seja superada.
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— A gente viu que o rendimento das famílias reduziu de 2016 para 2017, o rendimento do trabalho que é 70% do rendimento do domicílio também reduziu de 2016 para 2017. Então, essa perda de rendimento do domicílio pode explicar um pouco porque as pessoas estão fazendo mais afazeres e cuidados e porque essa distribuição está um pouco mais igualitária entre homens e mulheres. Com rendimento menor, talvez essa família não consiga mais pagar uma diarista ou uma babá e tenha que fazer por ela mesma essas atividades em domicílio — afirmou a pesquisadora.
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As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Em dezembro, o instituto divulgou números do mesmo estudo, porém referentes a 2016. Essa é a primeira vez em que é possível comparar a evolução anual dos indicadores.
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Na avaliação da economista Hildete Pereira, especialista em questões de gênero, faz um contraponto à avaliação do IBGE. Para ela, não está clara a relação entre recessão e aumento da participação masculina. Ela lembra que, em crises anteriores, como a de 2008, disparou o número de empregadas domésticas. E também observa que, para familiás de renda mais alta — que concentram a oferta de mão de obra para esse serviço —, a perda de rendimento afetou menos o orçamento.
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— O período que a economia está muito aquecida, as mulheres diminuíram o tempo despendido em afazeres domésticos, porque elas vão para o mercado — afirma.
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Em termos absolutos, houve aumento de 6,8 milhões no número de pessoas que fazem algum tipo de tarefa em casa, que agora chegam a 142,3 milhões. Desse acréscimo, 4,3 milhões (63%) correspondem ao avanço observado entre os homens.
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HOMENS: ANIMAIS DOMÉSTICOS, CONTAS E TRANSPORTE À ESCOLA
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A melhora da taxa entre eles se deve principalmente ao aumento da participação em três atividades: cuidar dos animais domésticos, fazer compras e cuidar da organização de casa, como pagar contas. No caso do cuidado dos animais, a alta chegou a 3,8 pontos percentuais, de 37,5% para 41,3%. Ao todo, a alta da chamada taxa de realização de afazeres entre os homens foi de 4,5 pontos percentuais. Entre as mulheres, o avanço foi de 1,9 pontos percentuais, menor, porque a taxa entre elas já era muito alta.
Para ser enquadrado na conta dos que fazem tarefas domésticas, basta ter feito pelo menos uma das sete tarefas pesquisadas pelo IBGE, que incluem atividades como limpar a casa, lavar roupa, cozinhar e fazer compras. Uma análise da divisão desses afazeres revela outro traço da desigualdade. Em quase todas, o percentual de mulheres é maior que o dos homens. A exceção é a categoria pequenos reparos em casa, que 63,1% deles dizem fazer, contra 34% delas.
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A pesquisa também mostrou algum avanço no percentual dos que fazem algum tipo de cuidado a crianças ou idosos. A parcela dos homvens que se dedicam a tarefas como olhar os filhos ou levar à escola subiu de 21% para 25,6%. Mas a das mulheres também subiu, de 32,4% para 37%, o que fez com que a diferença se mantivesse mais ou menos estável.
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Os maiores avanços foram na tarefa de levar para escola e de monitorar os filhos, superires a 3 pontos percentuais. São casos como o do gerente de lojas João Carlos Macharette. Pai de duas filhas, ele conta, na porta da creche, que passou a ajudar mais nas tarefas de casa e no cuidado com as filhas a partir do nascimento da mais velha, Júlia, de nove anos. Com o trabalho consumindo muito tempo do seu dia, João decidiu trocar de emprego.
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— Quando eu tive mais tempo para ficar com as minhas filhas, passei a fazer de tudo em casa: preparar e dar comida, dar banho, levar e trazer na escola. Quando a minha esposa tira o dia para fazer faxina, eu sempre ajudo, porque tenho o final de semana livre, então posso dividir as tarefas da casa com ela. — Hoje não existe mais essa de que “lavar louça é coisa de mulher”. O homem tem que participar de todas os afazeres domésticos, não pode jogar tudo nas costas da esposa.
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Já o administrador de empresas Alex Bruno conta que modificou muito os seus hábitos a partir do momento em que teve de sair de casa e cuidar do filho, que acabava de descobrir que teria em alguns meses.
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— O meu pai era um pouco ausente. Então a minha mãe sempre me ensinou a fazer mais do que ele fazia, a buscar ser um pai e um marido o mais presente possível. Quando eu me casei, passei a ter uma parceria muito grande com a minha então esposa, nós dividíamos todas as tarefas da casa — conta.
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A descoberta de que seria pai veio em um período difícil para Alex, que a havia perdido a mãe apenas 15 dias antes. A partir de então, ele se viu obrigado a fazer uma série de coisas que não fazia antes, além de ter que buscar uma fonte de renda para criar o filho..
— A minha mãe faleceu e 15 dias depois eu fiquei sabendo que seria pai. Então as coisas aconteceram muito rápido, e eu tive que aprender a me virar com essas tarefas e com o cuidado de alguém que dependia de mim, que era meu filho. Essa experiência me trouxe muitos aprendizados que eu vou levar pra vida toda e quero passar para o meu filho — disse.
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Marcello Corrêa e Luciano Ferreira
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