A Lei Maria da Penha diz que toda mulher vítima de violência doméstica tem o direito a ser acompanhada por um defensor público nos processos judiciais. Mas na prática, isso não acontece. No Espírito Santo, são apenas dois defensores para atender essas vítimas.

“Dentro da violência doméstica, nós não temos um defensor público para fazer acompanhar cada mulher que necessita de acompanhamento de violência familiar”, explicou a defensora pública Gabriela Larrosa.

Por isso, um grupo de mulheres estão sendo capacitadas. Elas se tornarão defensoras populares, que vão a regiões de periferia levar informações para mulheres.

“Eu fiquei super feliz de saber que de fato todas nós temos o direito de ter um defensor. Pena que são poucos”, disse a auxiliar administrativo, Edna Cristina da Silva Santos.

As mulheres aprendem durante curso o que é a Lei Maria da Penha e todos os outros direitos. “Ela vai ter o que a gente chama de um diploma de defensora popular. E através dele elas vão poder passar informações para outras mulheres da comunidade em caso de violência familiar”, explicou a defensora pública Gabriela Larrosa.

Na Grande Vitória, o grupo “Guerreiras pela paz” ajuda mulheres do bairro São Pedro, em Vitória. As participantes têm uma história em comum: todas conhecem alguém que já sofreu violência doméstica.

“Minha filha do meio tinha um esposo. Ele batia nela, espancava ela, aí eu falei: minha filha, você já sabe os seus direitos”, disse a dona de casa Elizabete de Oliveira.

Os relatos de violência motivaram a fundação do grupo “Guerreiras pela paz”. São mulheres e até crianças que informam as vítimas sobre seus direitos.

“Cada uma nasceu pra ter sua vida melhor, para amar, para crescer com amor no coração. Assim a gente vive em paz”, disse a participante de 7 anos, Ágata Nascimento de Morais.

“Essas crianças entram nas escolas, se virem um colega batendo no outro, elas falam que são das guerreiras pela paz”, disse a presidente Jeovana Barcelos.

Quem sofre algum tipo de violência no ambiente familiar, pode procurar uma delegacia da mulher ou chamar a polícia pelo 190. Quem presencia a situação de violência pode ligar para o 180 ou 181.

“Tem mulheres aí que a gente leva o material e o telefone de denúncia, e elas falam: nunca vi esse material. Tem algumas que a gente coloca debaixo da porta”, completou Jeovana.

Na próxima sexta-feira (25), acontece o seminário “Justiça pela Paz em Casa” para debater as medidas de combate à violência doméstica no Espírito Santo.

O encontro é uma realização da Rede Gazeta, em parceria com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES), como parte da programação da 8ª Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa.

Para participar, é só acessar ao site www.redegazeta.com.br/dialogos e realizar a inscrição. O encontro é aberto ao público com vagas limitadas.

O encontro abre com um diagnóstico com números de violência no Estado e os casos registrados na delegacia da mulher.