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Veja publicação original: Movimento quer conter a violência contra a mulher
Mais de 100 mulheres já foram mortas no Estado este ano. Governo campanha e conclama a sociedade
Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) já contabilizam mais de 100 mulheres mortas este ano no Espírito Santo. De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado (TJES), a cada 30 minutos, um processo de violência doméstica é aberto na Corte. O Atlas da Violência deste ano, publicado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), coloca o Espírito Santo como o quinto Estado em que mais se mata mulher no país.
Para combater este cenário e mudar as estatísticas, o governo capixaba lançou a campanha de combate à violência contra a mulher. Um vídeo que traz histórias reais, de mulheres que resistiram à violência e venceram essa batalha fazem parte de uma campanha que será veiculada pela internet e nas redes de televisão de todo o Estado.
Para ampliar a abrangência da campanha, o governador Paulo Hartung garantiu que irá visitar Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Colatina e São Mateus para abordar o tema. As datas ainda não foram fechadas, mas as agendas acontecem ainda este ano.
“A minha vontade é ver essa campanha presente em todo o território do Espírito Santo. Por isso, eu vou, pessoalmente, junto com minha equipe de governo, disseminar essa campanha para ver se ela penetra no sentido da gente mudar a cuca das pessoas, a formação cultural do nosso povo capixaba”, disse, conclamando a participação de todos os setores da sociedade.
Segundo Hartung, o governo tem papel, mas sozinho não dá conta e esse é o grande desafio. “Nós precisamos mobilizar a sociedade porque precisamos mudar uma cultura que, muitas vezes, está sendo disseminada dentro de casa, na hora da criação de um filho. Temos envolver toda a sociedade para quebrar a cultura da violência, do machismo e colocar de pé a cultura da paz, da solidariedade, de um respeito à diferença”, complementou Hartung.
Vergonha
Para a secretária estadual de comunicação, Andréia Lopes, a mudança precisa partir de cada cidadão. “Um ranking que muito nos envergonha. Nós somos o quinto estado onde mais se mata mulheres. Polícia tem que fazer a sua parte. Direitos humanos tem que fazer a sua parte. Governo tem que fazer a sua parte. Mas a mudança da cultura da violência depende da mudança em cada um de nós.”
Citando uma série de ações que o governo do Estado tem no combate à violência contra a mulher, o secretário de Estado de Segurança Pública, André Garcia, jogou por terra um antigo ditado: “Lei Maria da Penha significa, na verdade, que em briga de marido e mulher, todos nós devemos meter a colher”.
“Nós temos, hoje, 100 mulheres mortas no Estado do Espírito Santo. Um número inaceitável. A maioria delas morta pelo simples fato de serem mulheres, de buscarem sua autonomia. Fundamental é interromper o ciclo dessa violência. Não tem caso de feminicídio que não seja antecedido por violência doméstica. Aí que devemos meter a colher, denunciar e fazer com que a mulher consiga sair e romper esse ciclo”, argumentou Garcia.
Apoiar as mulheres vítimas de violência e incentivar as denúncias são diferenciais para mudança dessa realidade na visão do secretário estadual de Direitos Humanos, Júlio Pompeu. “Política de enfrentamento nenhuma, em lugar nenhum, resolve tudo, nem polícia sozinha. A Lei Maria da Penha é fundamental. A Lei do Feminicídio é um instrumento importante. Mas quem muda a cultura e comportamento é a sociedade. Sem a contribuição das pessoas, no apoio às vítimas, muitas delas sequer levam ao conhecimento das autoridades o fato de serem assediadas, violentadas dentro de casa, por medo, por falta de apoio. O apoio e a solidariedade dos amigos, de quem ama, da população em geral.
Isso é fundamental para que a gente possa mudar esse quadro de violência. Tenho certeza que a garra dos capixabas, de homens e mulheres, nessa causa, fará a grande diferença.”
Ferramentas contra a violência
Plantão especializado da mulher;
Grupo Reflexivo homem que é homem – organizado pela Polícia Civil para atender homens envolvidos em ocorrências de violência doméstica e familiar contra mulheres, com palestras com psicólogos e assistentes sociais, com o objetivo de interromper o ciclo dessa violência;
Patrulha Maria da Penha – Polícia Militar visita mulheres vítimas de violência;
Ônibus da Mulher – equipe multidisciplinar atende homens e mulheres que ainda não estão envolvidos em casos de violência feminina. Trata-se de trabalho preventivo para que essas pessoas nunca façam parte dessas estatísticas;
Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher – a primeira do país
Gerência de Proteção à Mulher – na Secretaria de Segurança
Subsecretaria de Proteção à mulher – no governo
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