Saiu na MARIE CLAIRIRE
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Coração acelerado, respiração ofegante, suor frio e tremor. Essas são algumas das sensações desagradáveis que muitas mulheres experimentam quando saem na rua sozinhas.
Medo de furto, de roubo, de assédio e até de estupro. Esta insegurança provavelmente não faz sentido algum se você é homem, mas para nós, esse sentimento está frequentemente presente quando exercemos o direito básico de ir e vir.
Acredite, para muitas mulheres, sair do trabalho depois que escurece pode se transformar em um pesadelo. Principalmente para aquelas que vivem na periferia e precisam percorrer ruas mal iluminadas, utilizar transporte público ou individual para chegar em casa, o trajeto é encarado com muito pavor.
“Geralmente o transporte público não me deixa na porta de casa, ainda tenho um caminho a percorrer a pé. Se for à noite, principalmente, prefiro usar o aplicativo porque ele me deixa segura, na porta de casa. E quando eu chamo um carro e vejo que é uma motorista mulher, aí eu fico ainda mais tranquila”, comenta Camila Coelho, DJ e usuária da 99.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento de São Paulo, as mulheres representam 74,6% dos usuários de transporte coletivo. No metrô, somos 56% dos passageiros transportados. E entre os pedestres, 62,5%.
Raio X da mobilidade feminina
Para entender as preocupações das mulheres ao se locomoverem e, a partir daí, oferecer mais segurança tanto para as motoristas (que representam 5% dos seus parceiros) quanto para as passageiras (elas são 60% dos clientes), a 99 realizou, recentemente, uma pesquisa sobre o assédio.
O levantamento apontou que carros por aplicativo e táxis são considerados os mais seguros pela maioria das mulheres, com 16% e 6% dos registros, respectivamente. Por outro lado, 64% das entrevistadas afirmaram ter sofrido assédio no dia a dia. Os lugares públicos (47%) e transportes (40%) são os mais temidos por elas. Entre os meios de transporte, ônibus e metrô aparecem como campeões de casos, com 76% e 25%, respectivamente.
Já em relação aos comportamentos que mais importunam as mulheres nos transportes por aplicativos estão os olhares insistentes (39%), as perguntas sobre vida pessoal (34%) e sobre relacionamentos (26%), assobios (15%) e os comentários sobre a aparência delas (14%).
“Quando a gente pensa que a violência de gênero é uma barreira para a mulher estar no espaço público, ela passa a ser, também, uma barreira para o acesso a oportunidades e serviços diversos”, alerta Marília Hildebrand, pesquisadora em mobilidade urbana.