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Imagine o seguinte cenário: você está explicando uma ideia e acaba sendo interrompida (várias vezes), sem terminar a frase. Agora, você está defendendo uma ideia em uma reunião e ninguém dá ouvidos. Logo em seguida, uma outra pessoa repete exatamente a sua ideia e ela é aprovada por todos.
Como se sentiria no lugar da pessoa que é interrompida ou que tem a ideia copiada? Essas situações são mais comuns do que você imagina, e elas já têm seus respectivos nomes.
Segundo a Fundação Tide Setubal, manterrupting, bropriating, gaslighting e mansplaining são alguns dos termos criados para sinalizar o machismo nas relações e qualificar o comportamento masculino em relação a uma mulher em diferentes situações. Ao saber do significado, fica mais fácil que homens e mulheres conscientes se articulem para evitar situações frequentes pelas quais muitas mulheres passam.
Seguem, abaixo, algumas dessas expressões e o que elas significam:
Manterrupting
Quando um homem interrompe constantemente uma mulher, de maneira desnecessária, não permitindo que ela consiga concluir sua frase.
A palavra é uma junção de “man” (homem) e “interrupting” (interrupção) e, em tradução livre, quer dizer “homens que interrompem”. Esse comportamento é muito comum em reuniões e palestras mistas, quando uma mulher não consegue concluir sua frase por ser constantemente interrompida pelos homens ao redor.
Segundo o Nexo Jornal, o termo surgiu em 2015, com o artigo “Speaking while Female, and at a Disadvantage” (falando enquanto mulher, e em desvantagem), publicado no “The New York Times”. O texto foi escrito por Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook, e Adam Grant, professor da escola de negócios da University of Pennsylvania. Eles citaram um estudo de psicólogos de Yale que mostra como senadoras americanas se pronunciam significativamente menos do que seus colegas masculinos de posições inferiores.
No dia 26 de setembro deste ano, aconteceu um exemplo clássico de manterrupting durante um debate entre os candidatos à presidência americana. Por diversas vezes, o republicano Donald Trump quebrou uma das regras básicas de qualquer debate moderado: não interromper o adversário.
O “Vox” contabilizou 25 intromissões fora de hora em 26 minutos – ao todo, foram 90 minutos de embate. Em um placar, a Vice contabilizou 35 interferências do republicano, contra 4 da democrata. Um levantamento do “Quartz”, ao todo, registrou 51 interrupções feitas pelo candidato ao longo das falas de Hillary Clinton, contra 17 dela.
Confira, abaixo, alguns exemplos de manterrupting:
Mansplaining
Quando um homem dedica seu tempo para explicar algo óbvio a uma mulher, de forma didática, como se ela não fosse capaz de entender. O termo é uma junção de “man” (homem) e “explaining” (explicar).
Em atos de mansplaining, um homem acha que sabe mais sobre um tópico do que uma mulher. Muitas vezes, essa expressão está ligada ao manterrupting – nesses casos, o homem interrompe a mulher para mostrar que sabe mais do que ela.
Para a Think Olga, em seu artigo, a verdadeira intenção do mansplaining é desmerecer o conhecimento de uma mulher. “É tirar dela a confiança, autoridade e o respeito sobre o que ela está falando. É tratá-la como inferior e menos capaz intelectualmente.”
O vídeo abaixo, do site americano ATTN, afirma que estudos mostram que homens dominam 75% da conversação em grupos de tomada de decisão. E, quando as mulheres estão falando, elas são mais interrompidas. Eles mostram uma compilação de situações reais que envolvem mansplaining.
Bropriating
Quando um homem se apropria da mesma ideia já expressa por uma mulher, levando os créditos por ela. O termo é uma junção de “bro” (de brother, irmão, mano) e “appropriating” (apropriação). É algo que acontece muito em reuniões.
Segundo a Think Olga, o bropriating ajuda a explicar por que existem tão poucas mulheres nas lideranças das empresas. “Além das supostas desvantagens mercadológicas e o preconceito de gênero, ainda servimos de plataforma para o crescimento de colegas homens, pelo simples fato de sermos menos ouvidas e levadas a sério.”
Gaslighting
Gaslighting (derivado do termo inglês Gaslight, ‘a luz [inconstante] do candeeiro a gás’) é um dos tipos de abuso psicológico que leva a mulher a achar que enlouqueceu ou está equivocada sobre um assunto, sendo que está originalmente certa. É um jeito de fazer a mulher duvidar do seu senso de percepção, raciocínio, memórias e sanidade.
No dia a dia, algumas frases são características deste tipo de comportamento: “Você está exagerando”; “Pare de surtar”; “Não aceita nem uma brincadeira?”; “Você está louca”; entre outras. É um comportamento que afeta homens e mulheres, mas as mulheres são vítimas culturalmente mais fáceis.
Na matéria “Por que as mulheres não estão loucas”, o autor Yashar Ali explica que gaslighting é um termo usado com frequência por profissionais da área da saúde mental para descrever comportamento manipulador usado para induzir pessoas a pensarem que suas reações são tão insanas que só podem estar malucas. Yashar explica também a origem do termo.
Publicação Original: MM360 explica os termos gaslighting, mansplaining, manterrupting e bropriating