Saiu no site DIÁRIO DE PENAMBUCO
Veja a publicação original: MC Rebecca se firma falando de temas importantes na batida do funk
Foi o som do 150 BPM, uma das batidas aceleradas incorporadas pelo funk nos últimos anos, que levou a cantora MC Rebecca, 21 anos, ao estrelato. Em 2018, uma das músicas da artista logo se tornou referência no estilo. “É difícil falar o porquê do estouro do 150 BPM, mas de uma coisa tenho certeza: o Rennan da Penha é o cara que mais representa o ritmo. Quando comecei a cantar, o Rennan falava: ‘Rebecca, você será a MC mais estourada do Rio’. Nunca mais parei!”, lembra em entrevista ao Correio/Diario.
O início no funk foi diferente, porque a trajetória de Rebecca começou no samba. Ela foi passista da escola de samba Salgueiro de 2016 a 2019. “Na verdade, o samba e o funk andam juntos na minha vida. O tempo de dedicação para o funk é mil vezes maior, afinal, é minha carreira e é o meu sustento. A experiência que adquiri no samba foi essencial. Minha preparação como dançarina, as apresentações, o contato com o público… Tudo isso eu trouxe da minha vivência no samba”, completa.
Desde 2018, MC Rebecca emplacou hits, como Repara, Deslizo e jogo e Ao som do 150, além de ter gravado parcerias com grandes nomes, incluindo Anitta, em Combatchy. Para contar um pouco da carreira, ela divulgou no YouTube o documentário Do 0 a 150 BPM em um ano, que se debruça sobre a história da funkeira. Também mostrou um pouco da intimidade no programa De férias com o ex Brasil: Celebs, no ano passado na MTV. “Gosto de pensar que isso também é uma forma que tenho de ter ali, esse registro, e também serve para aproximar os meus fãs de toda a minha história”, comenta.
Singles
Neste ano, MC Rebecca deu um passo a mais no trabalho, com um caráter mais social. Como maneira de incentivar mulheres que sofrem violência doméstica a denunciarem o agressor, ao lado da rapper Manaia, lançou a canção Medo do escuro. A colaboração fala sobre a história da protagonista da série Onde está Mariana?, dirigida por Cleo (a artista abandonou o sobrenome Pires), que discute o feminicídio e os desdobramentos do machismo.
De acordo com a cantora, a publicação do single teve uma grande repercussão, permitindo que muitas mulheres se sentissem seguras para falar sobre a situação. “É interessante saber que o meu público se sente à vontade comigo e livre para dividir suas histórias, boas e ruins. E o que eu puder fazer com a minha arte para exaltar as mulheres, eu farei”, explica Rebecca.
Além do single, a artista planeja a divulgação do EP Carentena, preparado na quarentena, para o próximo mês. Por isso, as quatro faixas falam sobre temas corriqueiros à realidade da população em isolamento social. “A intenção é falar sobre essa carência que nós solteiros estamos vivendo”, diz.
O novo material tem como faixa principal a canção Tô presa em casa, uma produção que mistura trap e funk, lançada nas plataformas digitais. A letra é como um desabafo de pessoas que não têm relações amorosas durante o distanciamento e estão sofrendo com isso.
MC Rebecca – Duas perguntas
Qual é a importância de discutir temas relevantes na arte?
Acho superimportante e não vejo sentido ter um alcance tão grande se não puder ajudar alguém. Assim como um dia eu fui inspirada pela arte da Rihanna, da Valesca Popozuda e da Alcione, quero aproveitar meu espaço para alegrar e defender aquilo que acredito também.
Por que criar músicas reflexivas num meio tão estigmatizado, como o funk 150 BPM?
Em todas as minhas músicas, há o pensamento do empoderamento feminino, de que a mulher é dona do próprio corpo, que a gente pode e deve fazer o que a gente quer e na hora que a gente quer. Arte é isso. Se é um rap, um funk, um trap ou um forró, a mensagem está sendo passada e, em alguém, fará sentido e causará mudanças.