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Mãe é discriminada em processo seletivo de empresa por ter filhos

Saiu no site Crescer:

A especialista em planejamento financeiro Sonia Tomiyoshi ouviu que tinha o perfil desejado para preencher a vaga, mas a diretoria não contrata

O desabafo de uma mãe depois de ter sido prejudicada no processo seletivo de uma empresa por ter dois filhos pequenos, Lucas, 5, e Maria Lara. 1 ano e 8 meses, comoveu as redes sociais. A especialista em planejamento financeiro Sonia Tomiyoshi compartilhou a mensagem em um grupo de Facebook e recebeu centenas de comentários de apoio e relatos de histórias parecidas.ria uma mãe de dois filhos pequenos.

Em entrevista à CRESCER, Sonia contou que, depois de um processo de seleção que durou 2 meses e no qual foi aprovada em todas as etapas, a recrutadora ligou para dar o surpreendente retorno final. “Ela disse que me agradecia e não tinha dúvidas de que eu era a melhor candidata e faria um bom trabalho, mas que infelizmente a diretoria não me contrataria por ter dois filhos pequenos. Eles achavam que por isso não conseguiria me dedicar tanto ao trabalho. Quando me disse isso, a própria recrutadora admitiu que não concordava com esse posicionamento”, disse.

Sonia tentou contra argumentar afirmando que tinha babá, familiares que ajudavam com as crianças e que já havia conciliado casa e um cargo de gestão por 5 anos sem problemas, mas não houve acordo. “Não concordo com quem pensa que mães não se dedicam tanto ao trabalho, acho que é o contrário. Você acaba tendo mais responsabilidade emocional e financeira e quer dar tudo de si na carreira para que seus filhos possam ter o melhor”, afirma.

O advogado especialista em direito trabalhista Fernando Castro Neves afirma que a situação pela qual Sônia passou pode ser considerada discriminação. “A constituição federal proíbe diferença de salário e cargo baseado em gênero, idade, raça ou números de filhos. Não pode haver um preconceito em relação a isso”, explica. Porém, Fernando aponta que encontrar provas é a parte mais difícil nesse tipo de processo e que geralmente aconselha as clientes que se queixam disso (e são muitas) a fazer uma denúncia, pode ser até sigilosa, ao Ministério Público do Trabalho. Uma das principais áreas de atuação do órgão é promover a igualdade nas empresas.

O que aconteceu com Sônia não é um caso isolado. Um estudo publicado na American Sociological Review e, mais recentemente na Harvard Business Review, comprovou que as mulheres são desmerecidas em processos de recrutamento por causa da possibilidade de serem mães. A partir de dois curriculos fictícios enviados a 316 escritórios de  147 firmas de direito em 14 cidades dos Estados Unidos, os pesquisadores constataram que os homens têm três vezes mais chances de serem recrutados do que as mulheres.

Mesmo depois do que passou, Sônia, que possui duas graduações e uma pós, afirma que não pretende desistir da busca por um novo emprego e que não vai denunciar a empresa porque acredita que já atingiu o seu objetivo divulgando o que aconteceu. “Fico triste ao ver que as oportunidades de trabalho são menores para as mães. O mercado precisa evoluir nesse sentido e entender que qualquer um pode ficar doente e ter dificuldades pessoais independente de ter filhos. As crianças não são um problema, pelo contrário, são uma motivação”, diz.

 

 

 

Publicação Original: Mãe é discriminada em processo seletivo de empresa por ter filhos

 

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